Saúde Mental no Trabalho: Gupy aponta necessidade de ações contínuas

58,9% das empresas brasileiras oferecem suporte psicológico, mas 49,1% ainda não treinam gestores para lidar com a saúde mental dos colaboradores

Mais de 30% dos trabalhadores já sofrem com Síndrome do Burnout, conforme a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt). O impacto do estresse crônico no ambiente de trabalho destaca a necessidade urgente de uma abordagem contínua e sistemática para a saúde mental nas empresas. Em um levantamento realizado com mais de 100 grandes empresas do país, a Gupy, empresa líder em tecnologia para gestão de pessoas, traz alguns dados que refletem esse cenário. 

Embora 58,9% das empresas ofereçam algum tipo de programa ou benefício voltado para a saúde mental, como acesso a terapeutas (58,9%) ou aumento de flexibilidade (19,6%), muitas empresas ainda falham em oferecer suporte efetivo e contínuo. Em particular, 20,5% das empresas afirmaram não adotar nenhuma ação específica para responder aos pedidos de suporte relacionados à saúde mental. Além disso, quase metade (49,1%) das organizações não fornece treinamento especializado para gestores e equipes de RH sobre como lidar com essas questões.

O levantamento indica que 25,9% dos respondentes trabalham em organizações que os levaram a já pediram ou consideram afastamento devido a questões de saúde mental. Além disso, 31,2% relataram ter recebido presenciado entre 1 e 5 pedidos de afastamento nos últimos 12 meses. Esses dados ilustram a prevalência de condições como o burnout, uma epidemia silenciosa, exacerbada por fatores como carga excessiva de trabalho, falta de apoio organizacional e ambientes de trabalho psicologicamente inseguros.

O Brasil se destaca negativamente, sendo o segundo país com maior número de casos, atrás apenas do Japão, de acordo com dados da International Stress Management Association (ISMA-BR), em estudo realizado em 2023. A base analisada pela  Gupy no ano seguinte reflete essa tendência: 34,8% dos entrevistados relataram que suas empresas não oferecem programas ou benefícios específicos para apoiar a saúde mental. 

O levantamento mostra que a falta de um monitoramento contínuo também é uma lacuna significativa: embora 63,4% das empresas utilizem ferramentas de escuta ativa e análise do clima organizacional, ainda há uma proporção relevante que não adota medidas adequadas para avaliar e melhorar o bem-estar das equipes. A avaliação da cultura de apoio à saúde mental dentro das empresas é reveladora: 44,1% dos respondentes classificam suas empresas como regulares ou negativas em termos de apoio (notas de 1 a 3 em uma escala de 1 a 5).

Segundo Guilherme Dias, cofundador da Gupy, os dados evidenciam uma oportunidade de evolução nas respostas institucionais frente às necessidades dos colaboradores. Para ela, é fundamental apostar em ferramentas que monitoram o clima e o engajamento das equipes de forma contínua e qualitativa, permitindo que o gestor identifique com antecedência sinais de esgotamento ou insatisfação. Neste sentido, além da tecnologia, que pode ser utilizada a favor, a aplicação da metodologia de escuta ativa – que convida o colaborador a expor de maneira segura suas dores e necessidades individuais – pode fazer toda a diferença. 

“Empresas que olham para essas demandas criam um ambiente mais saudável e sustentável, fortalecendo a relação com seus colaboradores e reduzindo os impactos do burnout, como alta rotatividade, por exemplo. Práticas estruturadas de feedback, pesquisas de clima e outras ações para medir a satisfação ajudam a tornar o espaço de trabalho mais positivo e produtivo”, destaca. 

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