Afetado por secas cada vez mais intensas e frequentes, o Brasil tem 1,4 milhão de km² de terras suscetíveis à desertificação, com mais de 1500 municípios diretamente impactados. Essa região abriga 38 milhões de pessoas, incluindo mais de 1,8 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar, dezenas de territórios indígenas e centenas de comunidades quilombolas. Portanto, a desertificação não é apenas um problema ambiental: quando o solo perde sua fertilidade e capacidade produtiva, comunidades inteiras enfrentam imigração forçada, desemprego e pobreza. (Nações Unidas Brasil, 16/12/2024).
Na véspera do Dia Mundial da Água, dia 22 de março, o MapBiomas divulgou números sobre as águas no Brasil. Os dados não são nada bons. A área do território brasileiro coberta por água apresentou nova redução em 2024, sendo 2,2% menor do que em 2023 e 3, 2% menor do que a média histórica, iniciada há 40 anos, em 1985. (ClimaInfo, 25/03/2025).
Segundo pesquisadores do MapBiomas, a ocupação e uso da terra no país, marcado pelo desmatamento, junto com eventos climáticos extremos causados pelas mudanças climáticas, deixam o país mais seco.
O estudo, realizado em parceria com o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e o CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais), aponta que 2024 foi um ano atípico. Esse cenário contribuiu para a intensificação da seca, que afetou severamente a agricultura, as pastagens e os níveis dos reservatórios de água. Porém, a situação de seca se agravou no início de 2025, com os meses de janeiro e fevereiro apresentando condições ainda mais críticas de estiagem. (Couto, 24/03/2025).
O termo Soluções Baseadas na Natureza foi cunhado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) para definir um conceito guarda-chuva que inclui abordagens para a restauração e conservação de ecossistemas, serviços de adaptação climática, infraestrutura natural, gerenciamento de recursos naturais, entre outras.
Para isso, é vital unir as três Convenções do Rio – sobre biodiversidade, mudança climática e desertificação e unam a governança fragmentada e, ao fazê-lo, contribuam para as metas de desenvolvimento sustentável.
Nisso, o Mercado de Carbono é um aliado e o agronegócio pode ser um parceiro para além de reduzir, ainda capturar carbono. Lembrando que o Brasil é o 5.º maior emissor do mundo, mas significativamente diferente da média global, o nosso perfil está concentrado no desmatamento e uso da terra. As mudanças de uso da terra são responsáveis por 46% da emissões, agropecuária (28%), energia (18%), Resíduos (4%) e Processos Industriais e Uso de Produtos (4%). Sendo que o setor da agropecuária teve seu quarto recorde consecutivo de emissões, com elevação de 2,2%, devido, principalmente, ao aumento do rebanho bovino, sendo que a maior parte das emissões vem da fermentação entérica (o “arroto” do boi), com 405 milhões de toneladas em 2023 (mais do que a emissão total da Itália). (SEEG, 2024).
Com isso, necessário conservar e recuperar nossas área naturais responsáveis pela provisão de serviços ecossistêmicos, por meio de sistemas agroflorestais, integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF) e a bioeconomia da floresta em pé, com rios fluindo.
Ou seja, o caminho é uma agropecuária regenerativa, que sequestra e armazena dióxido de carbono em vez de liberar e acumular CO2 na atmosfera. Necessário restaurar áreas degradadas de pastagens, fazer o plantio direto, rotação de culturas, utilização de bioinsumo, combinar produtos para testar protocolos, intensificar áreas abertas ao invés de abrir novas, em uma agricultura de baixo carbono (que capture mais do que emita), com apoio financeiro, capital paciente e principalmente crédito expandido e financiamentos mais atrativos para quem não desmata.
Enfim, com diz Tim Christophersen, coordenador da Década da Restauração Ecossistêmica da ONU “Se a mudança climática é a doença, a natureza é parte da cura.
Referências Bibliográficas:
ClimaInfo. Brasil perdeu mais de 3% da superfície de água nos últimos 40 anos. Uso da Terra: Notícias, 23/03/2025. Disponível em: https://climainfo.org.br/2025/03/23/brasil-perdeu-mais-de-3-da-superficie-de-agua-nos-ultimos-40-anos/
Couto, G. Meteorologistas fazem alerta para o pior cenário de estiagem da história em 2025. Campo Grande News: Meio Ambiente, 24/03/2025. Disponível em: https://www.campograndenews.com.br/meio-ambiente/meteorologistas-fazem-alerta-para-o-pior-cenario-de-estiagem-da-historia-em-2025
Nações Unidas Brasil, Afetado por secas cada vez mais intensas e frequentes, o Brasil hoje tem 1,4 milhão de km² de terras suscetíveis à desertificação, com mais de 1.500 municípios diretamente impactados. Notícias: 16/12/2024. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/285955-artigo-uma-oportunidade-para-o-brasil-refor%C3%A7ar-o-combate-%C3%A0-desertifica%C3%A7%C3%A3o
SEEG. Análise das Emissões de Gases do Efeito Estufa e suas implicações para as metas climáticas do Brasil 1970 – 2023. Ano da publicação: 2024. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://seeg.eco.br/wp-content/uploads/2024/11/SEEG-RELATORIO-ANALITICO-12.pdf