A gigante do fast-fashion Shein implementou aumentos nos preços de seus produtos nos Estados Unidos, abrangendo desde vestuário até utensílios de cozinha. Essa medida precede a entrada em vigor de tarifas sobre pequenos pacotes, oferecendo um indício inicial dos potenciais efeitos da disputa comercial para os consumidores americanos.
A maior parte dos reajustes de preço nos EUA ocorreu na última sexta-feira. Dados compilados pela Bloomberg News revelam que algumas categorias de produtos registraram elevações significativamente mais expressivas do que outras. O preço médio dos 100 principais itens da seção de beleza e saúde saltou 51% em comparação com a quinta-feira, com diversos produtos apresentando mais que o dobro do valor.
Para a seção de casa e cozinha, assim como para brinquedos, o aumento médio superou os 30%, influenciado por um acréscimo de 377% no preço de um conjunto de 10 panos de cozinha. No setor de roupas femininas, a alta nos preços foi de 8%.
No início de abril, o presidente norte-americano pôs fim à brecha que isentava de impostos produtos de empresas chinesas como Shein e Temu — semelhante à decisão do governo brasileiro que colocou um imposto de importação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50 e que ficou conhecida no Brasil como “taxa das blusinhas” — e ainda triplicou o valor da taxa imposta sobre as importações nos Estados Unidos.
Diante da escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, consumidores norte-americanos intensificaram a compra de mercadorias de plataformas online chinesas como Shein e Temu. O movimento reflete uma tentativa de evitar a esperada elevação de preços decorrente da iminente implementação de tarifas pelo governo Trump.
Apesar desse cenário, o tom mais conciliador adotado recentemente por Trump em relação à China foi recebido positivamente pelos mercados financeiros. A China representa um importante parceiro comercial para os EUA, e existe a preocupação de que um aumento descontrolado nas taxas de importação possa gerar um repasse contínuo de custos aos consumidores americanos.
O aumento dos preços dos produtos importados, por sua vez, pode acarretar impactos na inflação dos Estados Unidos. Essa pressão inflacionária pode levar o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, a considerar novas elevações nas taxas de juros da maior economia global.
*Com informações da Bloomberg