Startup capta R$ 1,2 milhão para atrair talentos do ensino médio

Giuliano Amaral, Priscilla Fraga, Victor Bolonha co-founders Mileto

Diante da crescente atenção ao Ensino Médio Integrado ao Técnico (M-Tec) por parte do Governo e do setor privado — e inspirados em modelos educacionais internacionais — os sócios Giuliano Amaral, Priscilla Fraga e Victor Bolonha enxergaram nesse nicho a oportunidade de criar uma solução estrutural para aproximar educação e mercado. A Mileto nasce como uma plataforma de estágios que acaba de captar R$ 1,2 milhão para transformar o início da jornada profissional dos jovens e gerar mais e melhores oportunidades de carreira. A meta é direcionar 100 mil para o mercado até 2029. 

A HR Tech opera em modelo B2B, voltado a empresas que querem investir na Geração Z, mas encontram dificuldades para identificar talentos. A Mileto combina uma comunidade voltada ao desenvolvimento de habilidades com um programa completo de recrutamento e seleção, conectando empresas a estudantes de M-Tec — de cursos técnicos como administração, desenvolvimento de sistemas, gastronomia, entre outros — jovens na fase mais inicial da carreira, com vontade de crescer e abertos para a cultura corporativa. 

Além do conteúdo aprendido no M-Tec, os estagiários que participam da comunidade de talentos da Mileto têm acesso a formações de competências técnicas voltadas à inovação e socioemocionais — como análise de dados, inteligência artificial, comunicação e resolução de problemas — tudo isso antes de concorrerem às vagas. Após a contratação, a Mileto mantém o acompanhamento com mentoria e trilhas de aprendizado contínuo ao longo do estágio, acelerando a adaptação e evolução do desempenho. 

“O M-Tec é uma fonte potente de talentos. Os jovens chegam ao mercado com uma base prática diferenciada e, mesmo entre 16 e 18 anos, demonstram perfil mão na massa e muito comprometido com o próprio desenvolvimento”, afirma Giuliano Amaral, CEO da Mileto. A startup quer se consolidar como referência na conexão entre empresas, estudantes e escolas de M-Tec. 

A solução já está sendo utilizada por diversas empresas, como Medway, Água na Caixa, Villa Bisutti e Modern Mamma Osteria. Dentre os resultados já mapeados, alcançou 100% de satisfação dos jovens com o programa, além de 90% das empresas terem aberto mais vagas após os primeiros 3 meses da primeira contratação — sinalizando a validação do potencial da solução. 

Segundo a OCDE, o Ensino Médio deve “capacitar os estudantes com habilidades relevantes, especializadas e transversais, além da consciência de seus pontos fortes e talentos, permitindo que agreguem valor à sociedade” e “desenvolver consciência do mundo além da escola, criando caminhos para carreiras gratificantes e recompensadoras”.

Nos países da organização, mais de 40% dos estudantes de ensino médio optam pela formação técnica integrada, e 45% destes têm vivência prática em empresas, como estágios. No Brasil, apenas 12% dos estudantes do ensino médio no país estão matriculados em cursos técnicos integrados. “Ainda estamos presos em um vestibular 100% acadêmico e uma crença cultural ultrapassada de que todo o sucesso se resume a um diploma universitário. Mesmo nesse cenário, os jovens com vivência prática obtêm melhor base para a escolha do curso e bom aproveitamento da universidade”, afirma Giuliano.

Diante da necessidade de aproximar educação e mercado, o poder público tem ampliado seus esforços para impulsionar o Ensino Médio Técnico no Brasil. Iniciativas como o Partiu IF, o BEEM (Bolsa de Estágio de Ensino Médio) e o Juros por Educação buscam incentivar tanto a ampliação da oferta de vagas pelas redes de ensino quanto a contratação de jovens por parte das empresas. A meta é ambiciosa: alcançar mais de 3 milhões de matrículas no M-Tec até 2030. Neste sentido, Giuliano reforça: “o melhor caminho formativo é o M-Tec seguido do Ensino Superior, pois eles se complementam. Já existem diversas histórias de sucesso, como a de Tânia Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil, mas há espaço para muito mais.” 

Segundo estudo do Itaú Educação e Trabalho, triplicar o número de vagas no Ensino Médio Técnico no Brasil teria impacto no PIB equivalente ao da reforma tributária — um crescimento estimado de 2,32%. “A ponte que estamos construindo é um enorme ganha-ganha: ganha o jovem, pelo maior engajamento e prazer no aprendizado, e pelo início de carreira de qualidade; ganha a empresa, que consegue investir melhor na atração e desenvolvimento de talentos; e ganha a sociedade, pelo benefício para a economia como um todo”, finaliza Giuliano. 

A rodada de investimento da Mileto contou com investidores-anjo que são referências nos setores de educação, tecnologia e RH, como Mario Ghio (Presidente da ABRASPE e do Instituto Alfa e Beto, e Conselheiro e ex-CEO da Somos Educação), Anderson Morais (Co-Founder e CEO da Agenda Edu) e Simmon Nam (CRO da Musa, ex-Rappi e QuintoAndar).  

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