Em sua quarta revisão para a safra 2025/26 (abr-mar) no Centro-Sul do Brasil, a StoneX estima manutenção da expectativa de moagem em 608,5 MMt, queda de 2,1% frente à safra 2024/25.
A principal revisão por trás da estimativa vem para as premissas de área colhida e produtividade na safra que se inicia. Diante de um encerramento para o TCH levemente abaixo do esperado na safra 2024/25, e uma área colhida acima do aguardado – alcançando quase 8 milhões de hectares, a expectativa para a área em 2025/26 foi aumentada, mas ainda deverá registrar uma queda de 200 mil hectares frente 2024/25, ficando próxima dos 7,79 milhões de ha.
A queda na área em 2025/26 conta com um argumento vindo do maior ritmo de renovações em 2024/25, cenário influenciado também pelas queimadas. “Parte da área queimada pelos incêndios em agosto e setembro de 2024, que totalizou quase 470 mil hectares, estava em fase de rebrota, com impactos sobre a colheita no novo ciclo”, explica o analista de inteligência de mercado na StoneX, Rafael Borges.
Em comparação à safra 2024/25, que colheu quase 300 mil hectares de cana bisada da safra anterior, a temporada 2025/26 deverá contar com muito menos área herdada da safra anterior e colhida no ciclo atual.
Com relação ao TCH, apesar da melhora climática em abril, a extensão do clima seco em março motiva uma revisão mais pessimista para a produtividade em 2025/26. O TCH foi revisado para 78,1 ton/ha, contra um fechamento de 77,8 ton/ha na safra 2024/25, praticamente em estabilidade e 1 ton/ha abaixo da estimativa anterior.
A perspectiva para o mix produtivo da safra segue inalterada, estimada perto da casa dos 51%. O mix açucareiro será uma das principais variáveis avaliadas nesta temporada, após um ciclo que frustrou as expectativas do mercado em 2024/25, resultado do clima seco e o aumento da presença de impurezas e açucares redutores na cana, prejudicando o processo industrial de fabricação de açúcar. O ATR médio da safra deverá ver alta sutil em 2025/26, com um indicador revisado para 141,2/ kg/ton, aumento de menos de 1% frente a 24/25 (+0,89%).
Com relação ao etanol, o biocombustível deverá ter um panorama de competitividade menos favorável em relação à gasolina comparativamente a 2024/25. A largada deste ciclo já se dá com uma paridade mais elevada em comparação a 24/25 e a oferta do biocombustível deverá cair, resultado do menor mix açucareiro e moagem em queda.
A produção total do biocombustível é estimada em 34,5 milhões de m³, queda de 1,3% frente a 24/25. Enquanto a oferta a partir da cana deve cair cerca de 2,1 bilhões de litros, a produção a partir do milho deve aumentar 1,6 bilhões de litros, compensando parte da queda da cana.
“O que pode estimular a oferta de etanol total em 25/26 é a esperada aprovação do aumento da mistura do anidro na gasolina de 27% para 30%, – cuja data de início ainda permanece incerta”, afirma o analista de Inteligência de Mercado na StoneX, Rafael Borges.
A primeira estimativa para o ciclo 2025/26 (set-ago) para a região Norte Nordeste (NNE) do Brasil traz um cenário inicialmente otimista para a moagem. O mês de abril nas regiões produtoras contou com chuvas consideravelmente mais baixas, porém a previsão para o trimestre maio, junho, julho (estação chuvosa da região) é mais otimista, o que deve compensar parte do clima mais seco no mês.
A visão para a produtividade, desta maneira, é de um ligeiro incremento na temporada 2025/26, com um TCH que deve se colocar próximo à faixa dos 62,8 ton/ha, aumento estimado de pouco mais de 3% frente ao fechamento esperado para 2024/25. A área colhida, em linha com levantamento realizado próximo a algumas usinas da região, deve se manter similar ao ciclo 2024/25, projetando um ligeiro recuo de 0,53% devido ao clima seco em 24/25.
Dessa maneira, estima-se uma moagem de 59,18 milhões de toneladas, incremento de 3% frente ao ciclo 2024/25 (set-ago). Para a variável ATR, a visão é de uma redução que retoma um valor mais próximo à média dos últimos cinco anos para o setor. O aumento esperado para as chuvas nos próximos meses justifica um número estimado próximo a 129 kg/ton (-5,3%), ainda acima da média entre 19/20 23/24, de 126,2 kg/ton.
No total, até o final da safra 25/26, pode haver um adicional de quase 1,3 bilhões de litros de capacidade instalada de etanol de milho na região, por ano, de acordo com dados da ANP e considerando 350 dias/ano de operação.
Dessa maneira, a estimativa para o mix açucareiro em 25/26 considera o impacto de um avanço da entrada do etanol de milho na região NNE, contribuindo para manter um cenário mais favorável à produção de açúcar na safra 2025/26 (set-ago).
Para o etanol de cana, o aumento do mix e o menor ATR contribuem para uma queda de 4,4% na produção em 25/26. O share de anidro, considerando uma potencial entrada do aumento da mistura de anidro (com impacto maior sobre a região considerando o calendário-safra da região NNE), foi estimado em 46,7%.