Não, o mundo não é mais como era antes. Cada vez mais, temos a certeza de que o futuro nos impõe novas maneiras de pensar, agir e produzir, com um novo estágio de consciência.
Se Darwin, com sua teoria da evolução, já dizia que não era nem o mais forte e nem o mais rápido e, sim, aquele que melhor se adaptava. Para o mundo de hoje, a teoria continua sendo válida.
Com o surgimento da inteligência artificial para analisar dados, identificar tendências e até possíveis crises, precisamos pensar também maneiras de educar a sociedade para o seu uso responsável e consciente com agregação de valor e, não, para destruição de reputações, fake News, e gerar mais desinformação.
Precisamos olhar além das aparências e pensar que o todo é maior do que a simples soma das partes. Que além da governança de dados e os cuidados com a LGPD (lei geral de proteção de dados), não podemos simplesmente substituir humanos por máquinas, sem abstrair sobre os problemas sociais. Afinal, nós não existimos em um vácuo.
Há toda uma relação de causa e efeito, de efeitos sinérgicos e ressonantes que poderão caminhar para o bem ou para o mal, cujas consequências ainda não são previsíveis.
Se não existe um botão vermelho para o “STOP”. Ao menos, o mundo espera responsabilização pelas consequências. Hoje, além da governança corporativa, fala-se muito em sistema ágeis, inteligência de dados, eficiência, inovação, disrupção em prol do aumento da competitividade.
Mas, também é chegada a hora de olharmos alguns dados e números, os quais demonstram o colapso do sistema.
O Relatório Oxfam Internacional. Desigualdade S.A. Como o poder das grandes empresas divide o nosso mundo e a necessidade de uma nova era de ação pública, de janeiro de 2024, apresenta dados que demonstram que:
“Apenas 0,4% das mais de 1.600 maiores e mais influentes empresas do mundo se comprometeram publicamente com o pagamento de salários dignos a seus trabalhadores e apoiam isso em suas cadeias de valor. Enquanto isso, os preços estão aumentando mais do que os salários em todo o mundo, com centenas de milhões de pessoas vendo seus rendimentos comprarem menos todos os meses e suas perspectivas de um futuro melhor desaparecerem.
Os lucros das megacorporações são usados para beneficiar os acionistas, à custa de trabalhadores e pessoas comuns. Este informe revela como o poder empresarial e os monopólios fizeram explodir a desigualdade e como esse poder explora e amplia as disparidades de gênero, raça e etnia, bem como econômicas”.
Como falar em sociedades justas, inclusivas e prósperas com tais disparidades?
O próprio Fórum Econômico Mundial, Davos de 2024, em seu reporte sobre o Futuro do Crescimento, nos alerta para a introdução de uma abordagem multidimensional que se centra na avaliação da qualidade do crescimento e no equilíbrio entre várias prioridades, em vez de agregá-las em um único índice. Para tanto, deverá estar alicerçada em quatro pilares que avaliam a qualidade do crescimento: inovação, inclusão, sustentabilidade e resiliência.
Isto porque não tem empresa saudável em um país doente, não existe produtividade com colaboradores insatisfeitos, não existe empresa próspera em um mundo em chamas ou inundado e não existe resiliência, sem qualidade ambiental que abrigue e sustente as várias formas de vida.
Referências:
Relatório Oxfam Internacional. Desigualdade S.A. Como o poder das grandes empresas divide o nosso mundo e a necessidade de uma nova era de ação pública. Janeiro de 2024. PDF
Fórum Econômico Mundial. O Futuro do Crescimento. Reporte 2024. Janeiro de 2024. Disponível em: https://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Growth_Report_2024.pdf