A varejista norte-americana Target nomeou o veterano da empresa, Michael Fiddelke, de 49 anos, como seu novo CEO. A decisão, anunciada na quarta-feira, vem em um momento crítico para a companhia, que enfrenta uma série de desafios e um desempenho de ações significativamente abaixo de seus concorrentes. A notícia, no entanto, não foi bem recebida pelo mercado, e as ações da empresa caíram 10% no pré-mercado.
Fiddelke, que já atuou por 20 anos na empresa e mais recentemente como diretor de operações, assumirá o cargo em 1º de fevereiro de 2026. O atual CEO, Brian Cornell, fará a transição para o cargo de presidente executivo, o que gerou críticas de analistas. Neil Saunders, diretor administrativo da GlobalData, expressou sentimentos “muito contraditórios” sobre a nomeação. Ele a classificou como “uma nomeação interna que não necessariamente resolve os problemas do pensamento de grupo arraigado e da mentalidade introspectiva que atormentam a Target há anos”.
Saunders também questionou a transição de Cornell para a presidência executiva, chamando-a de “uma recompensa pelo fracasso”. Ele argumentou que a permanência de Cornell no alto escalão da empresa, mesmo em uma nova posição, corre o risco de perpetuar a influência de quem “não conduziu bem a Target”.
Em uma teleconferência de imprensa após a divulgação do relatório de lucros do segundo trimestre, Fiddelke disse que seu “objetivo número um é nos fazer voltar a crescer”. Ele delineou três prioridades para alcançar essa meta:
- Melhorar a qualidade, valor e estilo das mercadorias da Target.
- Garantir uma experiência de compra mais consistente para os clientes.
- Incorporar mais tecnologia em todas as áreas do negócio.
“Precisamos nos mover mais rápido, muito mais rápido”, disse ele, reconhecendo a urgência da situação.
A Target tem enfrentado problemas de erros de comercialização, crimes no varejo e gestão de estoque. Nos últimos cinco anos, as ações da empresa caíram 23%, enquanto concorrentes como Walmart e Costco registraram valorizações de 125% e mais de 300%, respectivamente.
No segundo trimestre, a Target registrou uma queda de 1,9% nas vendas comparáveis em lojas físicas, o que, embora negativo, ficou acima das expectativas de uma queda de 3%. A margem de lucro operacional da empresa caiu de 6,4% para 5,2% em relação ao ano anterior, impulsionada por descontos mais agressivos e custos de pedidos cancelados, além da demanda mais fraca por itens de vestuário e eletrônicos.
A varejista reportou vendas líquidas de US$ 25,21 bilhões, superando as estimativas de US$ 24,93 bilhões. O lucro por ação, excluindo itens, foi de US$ 2,05, superando as estimativas de Wall Street em 2 centavos.
Apesar da queda na margem, a empresa manteve suas previsões anuais, reafirmando sua posição de que o aumento de preços seria considerado apenas como último recurso. A Target também destacou que intensificou seus esforços para atrair clientes preocupados com a economia, com a oferta de 10.000 novos itens a partir de US$ 1 e o lançamento de diversas linhas de marcas próprias mais acessíveis. O movimento de clientes nas lojas melhorou, com uma queda menor de 1,3% no segundo trimestre, em comparação com os 2,4% de queda no trimestre anterior. O valor médio gasto por visita também mostrou melhora.
A empresa também está trabalhando para diversificar sua estratégia de sourcing, reduzindo a dependência de produtos de marca própria da China para mitigar os impactos de possíveis tarifas.