Entraram em vigor nesta quarta-feira (4) as novas tarifas de 50% sobre as importações de aço e alumínio para os Estados Unidos. A medida, estabelecida por decreto do presidente Donald Trump, representa um aumento significativo em relação à alíquota anterior de 25%. O Brasil, atualmente o segundo maior exportador de aço para o mercado americano, figura entre os países mais impactados pela decisão.
O anúncio das novas tarifas havia sido feito na última sexta-feira (30), durante uma visita de Trump a uma unidade da US Steel. Analistas do setor avaliam que a elevação tarifária impõe um novo cenário de ajustes para as indústrias siderúrgica e de mineração brasileiras. A expectativa é de que o setor precise se adaptar a um ambiente de comércio internacional mais protecionista, somado a uma perspectiva de desaceleração na demanda global.
De acordo com o Bradesco BBI, a medida tende a beneficiar produtores domésticos dos Estados Unidos, a exemplo da Nucor e da Steel Dynamics, que registraram valorização de suas ações após o anúncio. No entanto, o impacto nas empresas brasileiras deve ser heterogêneo. A Gerdau (GGBR4), com operações relevantes nos EUA focadas em produtos longos, como vergalhões e vigas, pode sentir um impacto menor, dada a menor participação de importações neste segmento (17%), o que limita sua exposição direta às tarifas.
O contexto global também influencia o setor. A fraca demanda na China, principal consumidor mundial de minério de ferro e aço, tem exercido pressão sobre os preços. O minério atingiu o patamar mais baixo em cinco semanas, influenciado pela retração na atividade da construção chinesa, além de fatores climáticos como temperaturas elevadas e chuvas frequentes.
Paralelamente, o setor siderúrgico chinês também apresenta sinais de desaceleração, com queda em novas encomendas e na produção. A utilização da capacidade dos altos-fornos chineses recuou pela terceira semana consecutiva, e produtores que utilizam fornos elétricos já iniciaram cortes na produção devido a margens negativas.
Apesar de um aumento de 23% nas exportações brasileiras de minério de ferro na última semana de maio, analistas preveem que a maior oferta global e a menor recomposição de estoques pelas siderúrgicas chinesas devem manter os preços sob pressão. Os estoques nos portos chineses apresentaram uma queda de 1,4 milhão de toneladas na última semana, mas os níveis de consumo permanecem em patamares considerados fracos.
No mercado brasileiro, os preços do aço também seguem pressionados. O vergalhão registrou uma queda de 1,4% na semana anterior, e a expectativa é de novas reduções nos preços, tanto para produtos longos quanto para planos, conforme o Bradesco BBI. A combinação de uma oferta elevada, impulsionada pela capacidade interna e pelas importações, com uma demanda enfraquecida, dificulta o repasse de custos e pressiona as margens das siderúrgicas nacionais.