Os conselhos de administração mais resilientes precisam se adaptar às mudanças constantes do mercado, que vêm exigindo cada vez mais independência, diversidade e supervisão financeira. A área de tecnologia, a qual se destaca principalmente pela ascensão da inteligência artificial, foi a mais influente nas tomadas de decisões dos líderes da América Latina, de acordo com o Board Monitor Brazil 2024, conduzido pela Heidrick & Struggles.
O estudo revela que 68% dos participantes latino-americanos dedicaram mais tempo a esse setor em comparação com outras áreas, como cultura organizacional (64%), performance financeira (60%) e risco cibernético (60%) — e esse percentual sobe para 71% dentro do cenário global.
No Brasil, a cultura organizacional e o capital humano estão entre as prioridades dos conselhos, segundo Marcos Macedo, sócio, CEO e membro do conselho de administração e práticas industriais da Heidrick & Struggles. “Abordar a dinâmica geracional e as preocupações com diversidade, equidade e inclusão (DEI), ao mesmo tempo em que garante uma supervisão rigorosa de como a cultura organizacional promove a criatividade e a agilidade, está se tornando essencial. Esse foco decorre da necessidade de aprimorar a capacidade da organização de desafiar o status, melhorar processos, estruturas e sistemas de forma eficaz”, explica.
Já no ranking de stakeholders mais influentes, os consumidores assumem o primeiro lugar na América Latina com 65%, seguido de CEOs e times de liderança (63%) e reguladores (58%). A maior parte dos conselhos locais (73%) está satisfeita com o panorama de partes interessadas, e enfatiza que os reguladores, acionistas ativistas e os ativistas sociais passaram a ter mais importância do que nunca após a pandemia de Covid-19.
O Brasil, assim como outros países emergentes, tende a ter um quadro de profissionais mais convencional — um efeito colateral da cultura que indicações. Um exemplo claro da falta de inclusão é o número de mulheres no conselho do BOVESPA, o qual permanece em 30% desde 2021. Além disso, o país é o que menos adiciona membros do conselho com experiência em riscos para lidar com momentos de adversidade específicos.
“A pandemia enfatizou a importância de conselhos bem preparados adotarem uma abordagem mais holística à gestão de riscos, reconhecendo a interconexão de vários fatores de risco e seu potencial para amplificar impactos nos negócios. No entanto, acreditamos que a maioria dos conselhos no Brasil continuam operando em um ‘modo de crise’ reativo ao abordar riscos”, conclui Macedo.
Estudos como o Board Monitor 2024 destacam as crescentes pressões do mercado, que, sem dúvida, moldam os conselhos de administração globalmente. No entanto, o relatório também identifica oportunidades significativas para os líderes empresariais se tornarem mais resilientes, aproveitando as mudanças para trazer inovações, inclusão e maior conexão com funcionários dentro da cultura organizacional.