A startup Carteiro Amigo Express foi a grande vencedora do Hackathon TIM Open Gateway, realizado nos dias 6 e 7 de maio no Cubo Itaú, em São Paulo.
A empresa, originária da Rocinha (RJ), apresentou uma solução inovadora que utiliza APIs de geolocalização da TIM Open Gateway para mapear áreas de favelas, permitindo que grandes empresas de e-commerce identifiquem e atendam consumidores dessas regiões, tradicionalmente excluídas do mercado formal.
O Hackathon TIM Open Gateway foi um evento voltado à inovação aberta que desafiou startups e desenvolvedores a criarem soluções usando as APIs da iniciativa global Open Gateway. Promovido pela TIM Brasil, o evento buscou incentivar o desenvolvimento de tecnologias que utilizam recursos de rede — como geolocalização e autenticação — para resolver problemas reais com impacto social e econômico.
“Muitas vezes o morador da favela tem o poder de compra, mas não consegue consumir. Queremos trazer mais igualdade, qualidade de vida e oportunidades para essas pessoas,” explicou Thiago Monsore, diretor de marketing da Carteiro Amigo Express em coletiva de imprensa realizada pela TIM Open Gateway nesta quinta-feira (8).
Mais de 16 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil e cerca de R$202 bilhões são movimentados anualmente nessas comunidades, segundo dados do IBGE de 2022. A chamada “barreira de confiança” no comércio varejista em favelas é resultado de uma combinação de desafios logísticos, sociais e culturais que dificultam a entrada e a permanência de grandes marcas nessas regiões. Segundo pesquisas de mercado, empresas ainda relutam em operar nelas devido à ausência de endereços formais, dificuldades de acesso, percepções de insegurança e desconhecimento das dinâmicas locais. Essa falta de conexão real com os territórios contribui para a exclusão de milhões de consumidores do mercado formal e limita oportunidades de crescimento para ambas as partes.
Foi nesse cenário que Pedrinho Jr., CEO e fundador da Carteiro Amigo Express, enxergou mais do que um mercado inexplorado — uma missão. Ao conectar grandes empresas aos consumidores das periferias, a startup não apenas impulsiona a economia local, como também emprega majoritariamente moradores dessas comunidades em sua logística, garantindo uma operação mais eficiente proporcionada pela experiência de seus colaboradores.
A participação da Carteiro Amigo Express no programa Shark Tank Brasil foi um marco significativo em sua trajetória. Durante a 8ª temporada do reality show, a startup apresentou sua proposta e a apresentação impressionou todos os jurados, incluindo a convidada especial Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza. A participação resultou em um aporte coletivo de R$1 milhão por 30% de participação na empresa.
A Carteiro Amigo Express se posiciona como uma empresa de impacto com selo ESG (Environmental, Social and Governance), ao aliar logística inclusiva à sustentabilidade. Atuando em comunidades periféricas, a startup emprega moradores locais e adota práticas de governança e responsabilidade ambiental, integrando inovação e compromisso social em seu modelo de negócios.
No Hackathon da TIM, a tecnologia usada pela startup se baseou em dados de localização fornecidos por APIs — como parte do programa global Open Gateway — a fim de permitir que empresas identifiquem regiões com demanda reprimida e otimizem suas entregas e estratégias de vendas. A proposta, segundo os idealizadores, atua também como ponte para a confiança entre marcas e consumidores de comunidades.
“O Brasil é considerado um dos países que mais adotou esse projeto de inovação com APIs. Nosso desafio é o equilíbrio entre a segurança e a experiência do usuário,” diz Leonardo Siqueira, diretor de monetização de dados e mobile ads da TIM.
Além da vencedora, outras duas startups também foram premiadas. A Biti9 conquistou o segundo lugar recebendo R$ 50 mil em créditos, com uma proposta voltada à automação de processos e uso da API de geolocalização para compor ferramentas de inteligência logística em ambientes corporativos. Já a PowerOfData, terceira colocada, levou R$ 25 mil com uma solução robusta de validação de identidade e dados cadastrais.