O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, finalizaram os detalhes de seu tenso acordo comercial durante uma cúpula na Coreia do Sul nesta quarta-feira. O anúncio ocorre em um momento de otimismo de Trump em relação a um futuro encontro com o presidente chinês, Xi Jinping.
“Fizemos um acordo, praticamente o finalizamos”, declarou Trump em um jantar com Lee e outros líderes regionais à margem de um fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC). O acordo havia sido anunciado em linhas gerais em julho, no qual Seul aceitava injetar US$ 350 bilhões em novos investimentos nos EUA em troca de evitar as tarifas americanas mais pesadas sobre suas importações. No entanto, as negociações sobre a estrutura desses investimentos estavam paralisadas antes da visita de Trump.
“As perspectivas não eram animadoras nem mesmo ontem à noite, e houve um progresso significativo hoje”, disse Kim Yong-beom, chefe da política presidencial da Coreia do Sul, sem dar mais detalhes. Assessores de Lee revelaram que o fundo de investimento de US$ 350 bilhões prometido por Seul será dividido em US$ 200 bilhões em dinheiro, a serem pagos em parcelas limitadas a US$ 20 bilhões por ano. Os US$ 150 bilhões restantes serão direcionados a investimentos no setor de construção naval, que a Coreia do Sul se comprometeu a ajudar Trump a reativar nos EUA.
Os sul-coreanos afirmaram que ambos os lados concordaram em dividir os lucros em partes iguais (50/50) após a recuperação dos investimentos iniciais, e em prosseguir apenas com projetos comercialmente viáveis. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, chefiará um comitê para avaliar os projetos em potencial. A Casa Branca não comentou imediatamente os detalhes, e o acordo precisa ser ratificado pelo parlamento sul-coreano.
As conversas com o presidente chinês Xi Jinping estão marcadas para quinta-feira, na cidade portuária de Busan. Há expectativa de que os Estados Unidos possam reduzir pela metade as taxas de 20% cobradas atualmente sobre produtos chineses em retaliação à exportação de produtos químicos, conforme noticiado pelo Wall Street Journal. O Ministério das Relações Exteriores da China expressou que o encontro “impulsionará o desenvolvimento das relações entre os EUA e a China” e que Pequim está pronta para buscar “resultados positivos”.
O otimismo sobre a distensão comercial entre as duas maiores economias do mundo ganhou força depois que negociadores de ambos os lados chegaram a um acordo no domingo sobre uma estrutura para suspender as tarifas americanas mais elevadas e os controles de exportação de terras raras da China. A notícia impulsionou as ações em Wall Street, que atingiram recordes históricos. Em um possível sinal de boa vontade, a China também comprou seus primeiros carregamentos de soja dos EUA em vários meses, informou a Reuters.
Durante um almoço de trabalho, o presidente Lee cortejou Trump prometendo gastar mais em defesa, buscando dissipar a preocupação americana de que os aliados não estejam contribuindo o suficiente militarmente. Lee também solicitou que os EUA permitam que a Coreia do Sul reprocesse combustível nuclear para abastecer submarinos, uma medida que reforçaria a capacidade de rastreamento de embarcações norte-coreanas e chinesas.
Em contraste com a recepção oficial calorosa, centenas de manifestantes se reuniram perto do local da cúpula para protestar contra a presença de Trump, resultando em alguns confrontos com a polícia. Kwon Young-guk, ex-candidato à presidência, criticou a situação: “Líderes mundiais e governos estão ocupados bajulando Trump e demonstrando todo tipo de charme diplomático possível apenas para persuadi-lo a reduzir as tarifas americanas em alguns pontos percentuais”.
*Com informações da Reuters









