Trump pressiona e Coca-Cola anuncia retorno de versão com açúcar

A Coca-Cola divulgou nesta terça-feira resultados trimestrais que superaram as expectativas de receita e lucro, impulsionados pela demanda resiliente por bebidas sem calorias e pelo aumento dos preços. A companhia também revelou planos para lançar um novo produto formulado com açúcar de cana nos Estados Unidos ainda este ano.

A iniciativa da Coca-Cola ocorre em um contexto em que empresas do setor alimentício buscam cada vez mais incorporar alternativas consideradas mais saudáveis em seus produtos, em resposta à campanha “Make America Healthy Again” liderada pelo Secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr. Na semana anterior, o Presidente Donald Trump havia mencionado um acordo com a Coca-Cola para a utilização de açúcar de cana genuíno nos EUA.

“Como parte de sua contínua agenda de inovação, a empresa planeja lançar, neste outono, um produto feito com açúcar de cana dos EUA para expandir sua linha de produtos da marca Coca-Cola”, afirmou a companhia em seu relatório de resultados do segundo trimestre. A empresa esclareceu que a bebida será produzida com açúcar proveniente dos próprios Estados Unidos.

A declaração inicial gerou debates entre analistas de mercado sobre a capacidade dos EUA de atender à demanda por açúcar de cana, levantando a possibilidade de importações do Brasil, o maior produtor mundial. No entanto, a Coca-Cola confirmou nesta terça-feira que utilizará açúcar de produção doméstica.

De acordo com Marcelo Di Bonifacio Filho, analista da StoneX Brasil, os Estados Unidos consomem cerca de 11 milhões de toneladas de açúcar anualmente, enquanto a produção nacional gira em torno de 8 milhões de toneladas. “Eles precisam importar entre 3 e 5 milhões de toneladas por ano, dependendo da safra”, detalhou o analista. Atualmente, o Brasil é o segundo maior fornecedor de açúcar para os EUA, atrás apenas do México.

No que se refere ao desempenho financeiro, a receita comparável da Coca-Cola apresentou um aumento de 2,5%, alcançando US$ 12,62 bilhões no segundo trimestre. Esse valor superou as estimativas de US$ 12,54 bilhões, de acordo com dados compilados pela LSEG. A expectativa da empresa é que o lucro anual comparável por ação se posicione próximo ao limite superior da meta de aumento de 2% a 3%, beneficiado por um dólar mais fraco.

Em teleconferência realizada após a divulgação dos resultados, o CEO da Coca-Cola, James Quincey, observou uma queda nos volumes de venda na América do Norte, atribuindo-a à “incerteza e pressão contínuas sobre alguns segmentos socioeconômicos de consumidores”. A demanda por refrigerantes mais caros tem demonstrado instabilidade nos últimos trimestres, especialmente em países desenvolvidos, onde consumidores, principalmente aqueles de menor renda, se tornaram mais sensíveis aos preços.

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