ULTRAPASSANDO OS LIMITES!

Um livro que me marcou profundamente, que moldou minha maneira de atuar no mundo, foi “Em Busca de Sentido” do Viktor Frankl.

Psiquiatra,  judeu austríaco, morava em Viena quando da ascensão do nazismo. Preso, ele e toda sua família foram enviados para campos de concentração, de onde ele foi o único a sobreviver.

Após sua libertação, a pedido de amigos ele escreve sua obra “Em Busca de Sentido”. Nele, descreve muito mais do que as atrocidades vividas num campo de concentração. Nos fala do que o manteve vivo: sentido, propósito! Assim escreveu: “ Se é que a vida tem sentido, também o sofrimento necessariamente o terá”.

Foi o firme desejo de reencontrar sua família e concluir a apresentação dos seminários que foram interrompidos, que lhe deram força e disposição para encontrar sentido no sofrimento e superá-los.

Ele toma emprestado de Nietzsche a frase : “quando você sabe o porquê, é capaz de suportar quase todos comos” para sintetizar a linha mestra da sua obra.

Comecei a perceber que era necessário inverter a ordem do meu raciocínio. Se eu pensar, planejar a partir de quem sou eu, onde estou e quais são os meus recursos, meu futuro estará definido pelo presente. A minha evolução se dará num processo constante, lento e gradual.

A lição que aprendi com o livro é que primeiro preciso ter claro que a ação que estou executando é um “meio” e não um fim. E o fim do Frankl não era sobreviver ao campo de concentração. Era condição necessária para alcançar seu objetivo, reencontrar a família e concluir seus trabalhos acadêmicos inacabados. Era esse propósito dava sentido ao seu sofrimento e à sua luta pela sobrevivência.

Reconheço que nem sempre é fácil definirmos aquilo que nos dá sentido. Seja por falta de autoconhecimento, imaturidade ou por medo de nos comprometermos conosco e com os outros.

Numa determinada etapa da minha carreira, fui convidado para reestruturar uma empresa, que no Brasil passava por grandes dificuldades de posicionamento no mercado, tinha processos inadequados e portfólio de produtos deficitários. Detalhe é que, quando do convite, eu estava numa posição bastante confortável numa empresa, que era uma das líderes de mercado no mesmo segmento.

Muitos, na época, acharam que era loucura ir para uma empresa cujo faturamento anual era menor que o faturamento mensal da empresa onde atuava.

Mais do que qualquer benefício, o que eu queria era construir algo que tivesse a minha cara, de algo que me desse orgulho. O desafio era um meio para alcançar a minha auto-realização.

Decorridos dois anos de trabalho intenso, de reorganização de processos, produtos, equipe e reconstrução do canal de venda, no final de 2008 ,no meio da crise financeira global,   apresentei um orçamento com aumento de 37% no faturamento.

Neste momento, o conselheiro sênior da empresa fez a seguinte pergunta: “ sr. Hyung, com o mundo em crise, em que bases macroeconômicas o senhor se apoiou para fazer esta projeção?”

Prontamente lhe respondi: “ Em nenhuma base macroeconômica sr Nakamura. Nosso “market share” é menor que 0,5% e se quisermos comer um pedaço maior do bolo, vamos ter de dar cotoveladas e usar táticas de guerrilha”.

Ele agradeceu a resposta sincera e concordou com o orçamento. Em tempo, o orçamento foi superado.

Quando me retirei do mundo corporativo, entre outras decisões que tomei, uma foi muito marcante. Decidi fazer a pé o Caminho de Santiago de Compostela, uma antiga rota de peregrinação, com extensão de804 km, partindo Saint Jean Pied de Port (ao sul da França), até chegar à Catedral de Santiago de Compostela (Galícia, Espanha).

Apesar de nunca ter sido atleta, decidi que queria comemorar meus 60 anos de idade em Santiago. Seria mais do que simples presente, mas um desafio que nunca tinha imaginado. Caminhar, em média 22 km por dia, carregando mochila nas costas e dormindo em albergues. Queria ser peregrino raiz.

Comecei a preparação física e mental com orientação da ACACS (Associação dose Confrades e Amigos do Caminho de Santiago de Compostela) e no dia 29 de abril de 2019 cruzando os Pirineus em direção a Santiago deCmpostela.

Em ambos os casos, estabeleci um ponto futuro e tracei uma linha, não de onde estava para onde queria chegar, mas estabelecendo primeiro, onde queria chegar para depois ver onde eu estava, e ir preenchendo as lacunas gradualmente, dia após dia até alcançar meus objetivos.

Abrace objetivos que deem sentido à vida e os sofrimentos farão sentido. Não deixe que o medo te paralise, pois fracassar também faz parte da jornada.

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