O que fazer para alimentar oito bilhões de pessoas sem avançar mais com a agricultura intensiva tradicional? Quais os riscos para a vida, caso as grandes florestas tropicais, como a Amazônica, desapareçam do
mapa devido ao avanço do desmatamento? Em As Últimas Colheitas, Philip Lymbery, autoridade mundial em meio ambiente, analisa e apresenta os bastidores inéditos da agricultura industrial e confronta a lógica da Big Agriculture.
Publicado no Brasil pela nVersos Editora, a obra aborda as realidades e impactos locais da agricultura intensiva em diferentes países. E evidencia reflexões sobre a necessidade de readequação das grandes empresas para a construção de um mundo sustentável e harmônico com a natureza. Em um capítulo dedicado ao Brasil, são expostos os danos do desmatamento de florestas para a produção pecuária, o uso excessivo de pesticidas e a produção industrial de soja – grandes responsáveis pela destruição de ecossistemas e o desaparecimento de povos nativos.
Presidente do Eurogroup for Animals, o autor trata de questões complexas e sugere alternativas para a agricultura tradicional e o desmatamento desenfreado. Lymbery repensa métodos agrícolas, propõe diferentes formas para integrar cultivo e criação de animais, redescobre as técnicas para regenerar o solo e mantê-lo saudável, além de pensar sobre tecnologias possíveis para a preservação do planeta às gerações futuras.
Não há solução isolada que efetue as mudanças necessárias em nosso sistema alimentar. Nós deveríamos aceitar a complexidade e diversas soluções, incluindo cultivos agroecológicos regenerativos, dietas à base de plantas, agricultura urbana com hidroponia e aeroponia, proteínas alternativas de fermentação de precisão e carne cultivada. (As Últimas Colheitas, p. 299-300)
Atualmente, pesquisas apresentam muitos dados sobre os impactos negativos do avanço descontrolado da agricultura intensiva, mas pouco foi feito a respeito, e o livro As Últimas Colheitas traz contribuições importantes. Segundo Lymbery, o futuro das terras férteis e da biodiversidade do mundo dependerá da mudança radical do modo de produção, com o empenho de todos, principalmente de donos de megafazendas, que utilizam produtos químicos e mantêm animais enjaulados para abate.