Uma crise sem precedentes – emergência climática, poluição plástica e a raiz comum, a indústria de petróleo e gás.

Às vésperas do retorno de Trump, vemos a debandada de bancos e gestoras de ativos pela descarbonização de portfólios. A maioria delas se aliou a coalização lançada durante a COP 26, em Glasgow, no ano de 2021.

Se a pandemia do COVID 19 colocou o mundo em alerta máximo, com o lockdown e a velocidade em que o vírus se alastrava, passado alguns anos, tudo volta a ser como era antes.

Larry Fink que por muitos anos foi o carro chefe e principal abre alas com suas famosas cartas aos CEOs, vem baixando o tom e retirando o seu time de campo como podemos observar nessa linha cronológica.

Em 2018 falando sobre senso de propósito para impulsionar o crescimento sustentável, em 2019 aposta na governança e diversidade nos conselhos com gestão do capital humano para impulsionar os negócios, aumentando o tom em 2020, falando da gravidade da crise climática e da importância de uma transição para uma economia de baixo carbono, com portfólios sustentáveis, resilientes e transparentes.

Em 2021, ele não só reafirma seus compromissos, mas acrescenta que a pandemia foi uma crise existencial – um lembrete gritante de nossa fragilidade, exigindo uma resposta global ambiciosa, que culminou no mesmo ano, com a maior aliança de gestores do mundo pela descarbonização de portfólios, a Net Zero Asset Managers (NZAM).

Em 2022, a carta pergunta: Todas as empresas e todos os setores serão transformados pela transição para um mundo de emissão zero. A pergunta é: você conduzirá ou será conduzido? Nós nos concentramos em sustentabilidade não porque somos ambientalistas, mas porque somos capitalistas e fiduciários para nossos clientes. 

Já em 2023, começa a baixar o tom, pois logo de início, a carta começa afirmando que, pela primeira vez em décadas, os mercados de capitais e de títulos declinaram juntos em 2022, afirma Fink.  Diante de uma iminente crise bancária nos Estados Unidos surgem novas prioridades. Em 2024, Fink propõe repensar a aposentadoria. E, em 2025, a Black Rock anuncia a sua retirada da (NZAM).

Idem ao Acordo Global do Plástico.

Na busca por um acordo global que envolve plástico, é inevitável falar da indústria de óleo e gás, que dá origem à maior parte do plástico existente no mundo.

Mesmo acordado em 2022 pela ONU, em meio a crise do sistema financeiro, compromissos ambientais e climáticos – são postergados ou até abandonados. O discurso é o mesmo, reafirmam que estão comprometidos com a resiliência de longo prazo do negócio, mas, infelizmente, se esquecem que a sustentabilidade do negócio depende da saúde planetária.

Se a pandemia do COVID-19 não serviu de alerta, agora, os eventos climáticos catastróficos, intensos e cada vez mais recorrentes serão a lembrança de que nem nós e nem nossos processos produtivos existimos em um vácuo.

O Homem precisa entender que o meio ambiente e a sociedade não são recursos à serviços da economia. Muito pelo contrário, o meio ambiente é que está impondo limites ao sistema econômico que é um subsistema da sociedade, inserido em uma estrutura ambiental.

Nós já ultrapassamos 6 dos 9 limites planetários e o 7.ª limite, a acidificação dos oceanos, está a ocorrer num futuro próximo.

O erro disso tudo está em basear as metas de satisfação das necessidades sociais, bens, sustentabilidade econômica, principalmente em parâmetros ligados aos sistemas de mercado (pois estes falham, pois não avaliam o valor real da natureza).

Ontem, foi a enchente do Rio Grande do Sul, hoje, são os incêndios de Los Angeles. Quem adivinha onde será o próximo?

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