O Ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Omar Paganini, propôs que o Mercosul avance nas negociações com a China ou abra espaço para um acordo bilateral que possa beneficiar toda a América do Sul. Durante a Cúpula do Rio de Janeiro, Paganini reforçou a demanda por maior abertura, uma preocupação que já havia sido expressa na reunião de Puerto Iguazú, na Argentina, no meio do ano, na qual Montevidéu não participou da declaração final.
Paganini enfatizou a importância de o Uruguai buscar acesso preferencial às economias mais dinâmicas do mundo, destacando que o Mercosul perdeu espaço devido ao avanço de acordos bilaterais globais. Ele salientou que, embora a preferência seja pela inclusão de todo o Mercosul em negociações com a China, se o Uruguai puder progredir primeiro, isso também seria benéfico para o conjunto.
Para alcançar esse avanço, o ministro uruguaio sugeriu a reativação do diálogo entre o Mercosul e a China, observando que passaram cinco anos desde a última reunião. Ele ressaltou que, nesse período, o mundo tornou-se mais complexo e desafiador, e a China desempenha um papel significativo nesse cenário global.
Montevidéu tem buscado oportunidades comerciais com a China, mas enfrenta obstáculos devido às regras do Mercosul, que exigem que os países-membros (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) adotem uma Tarifa Externa Comum (TEC) sobre as importações.
O ministro também reiterou o compromisso do Uruguai com o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, expressando, no entanto, preocupações. “Observamos com satisfação os avanços ao longo deste ano, especialmente no segundo semestre”, afirmou Paganini. “Vemos esses desenvolvimentos com esperança, mas também com certa preocupação devido às dificuldades que surgiram na reta final”, ponderou, lembrando que a “janela de oportunidade” está se fechando.
O Brasil tinha a expectativa de anunciar a conclusão do acordo durante a Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 7. Os europeus confirmaram que a parte técnica estava praticamente concluída, aguardando apenas um “impulso político”. No entanto, a Argentina solicitou mais tempo devido à posse do presidente eleito, Javier Milei, no domingo, apenas três dias após o encontro.
Milei, conhecido por críticas contundentes ao bloco durante a campanha, demonstrou moderação após a eleição e indicou, por meio da futura chanceler, Diana Mondino, interesse no livre comércio com a União Europeia.