Vai fazer pós-graduação? Conheça as profissões em alta para 2024 no mercado financeiro

Ingressar no mercado de capitais e construir uma carreira de sucesso é o sonho para muitas pessoas. Contudo, escolher uma profissão nem sempre é fácil. O mesmo problema pode acontecer com quem já atua em uma determinada área e decide mudar de atividade.

De acordo com André Vasconcellos, especialista em mercado de capitais, se você ainda não escolheu uma pós-graduação para cursar em 2024 ou pensa em realizar uma transição de carreira, saber quais as carreiras mais promissoras do mercado financeiro neste ano, antes de tomar uma decisão, pode ajudar nesse processo de escolha.

O mercado de capitais muda a cada ano e o perfil do profissional também se atualiza. “Em 2023, por exemplo, vimos o início da queda da taxa Selic e da inflação, o que vai estimular a economia em 2024. Neste ano também há a tendência da volta dos IPOs e o aquecimento do mercado de ações, entre tantas possibilidades, sempre ‘afetadas’ pelo cenário internacional, como os juros norte-americanos”, detalha Vasconcellos. E os profissionais, diz ele, precisam estar atentos a tudo para optar pelo melhor caminho acadêmico.

As novas gerações já se alinham às novas tendências e vêm transformando o setor financeiro no país. Acompanhe as áreas mais promissoras para este ano.

Quais as áreas mais promissoras em 2024?

O campo das finanças seguirá em mais um ano promissor. A área apresenta a necessidade de profissionais voltados à preparação estratégica para a expansão dos negócios, principalmente nos campos de fusões e aquisições, planejamento e modelagem financeira. Haverá a necessidade da prestação de serviços de consultoria financeira a clientes individuais ou corporativos; gestão de carteiras de investimentos; planejamento financeiro abrangente e gestão de patrimônio; avaliação de investimentos, análise de risco e retorno. As recomendações de portfólio para clientes ou gestores de fundos também serão prioridade.

O mercado de seguros continua igualmente em transformação, procurando por profissionais com visão estratégica e capacitados para avaliar tendências e criar soluções com foco em produtos”, ressalta André Vasconcellos. Entre os profissionais mais cotados destacam-se analista de finanças, gerente de crédito e risco e analista atuarial.

A pandemia provocou a digitalização de muitos negócios. Com isso, as empresas tiveram que se ajustar com questões relacionadas à fraude, segurança cibernética e Lei Geral de Proteção de Dados em um curto prazo.

Assim, surgiu um mercado para profissionais especializados em Direito Digital, com oportunidades em diversas empresas. A área deve continuar em alta em 2024. “Com o avanço da Inteligência Artificial, também devem surgir demandas relacionadas à regularização da tecnologia. A retomada econômica pós-pandemia aumentou a demanda por profissionais de Direito Civil e Empresarial, especializados também em contratos, negociações, compliance e reestruturação de dívidas”, diz o especialista.

Além disso, a Reforma Tributária também deve impactar o setor. A lei está prevista para entrar em vigor a partir de 2026, o que abre espaço para que os profissionais atuem no planejamento tributário de empresas, adequando as informações de acordo com a nova legislação. O mercado vai precisar de profissionais que assessorem empresas em questões tributárias relacionadas a transações financeiras internacionais e que participem da estruturação de operações para otimização fiscal.

Entre as responsabilidades dos que optarem pela área estão a garantia de conformidade com regulamentações financeiras; a análise de ações, títulos e outros instrumentos do mercado de capitais; desenvolvimento e implementação de políticas de conformidade; avaliação da conformidade de novos produtos e serviços antes de sua introdução no mercado; identificação e abordagem de possíveis questões de conformidade associadas a mudanças nos negócios da instituição; suporte nos processos de mediação ou arbitragem, que envolvam disputas financeiras, proporcionando resolução alternativa de conflitos.

As fusões e aquisições estarão em alta em 2024. O profissional que se especializar na área deve ter em mente que precisará usar a modelagem estatística e matemática para analisar dados financeiros, priorizar o desenvolvimento de algoritmos para a tomada de decisões e avaliar oportunidades de investimento. A tomada de decisões estratégicas para otimização de retornos está também entre os desafios.

O ideal é trabalhar em empresas de private equity para identificar oportunidades de investimento, e conduzir due diligence e gerenciar o desempenho de portfólios de empresas. Outra opção é trabalhar em instituições financeiras ou empresas para avaliar e gerenciar riscos associados a transações de fusões e aquisições, ajudando na determinação do valor de empresas alvo em transações de combinações de negócios.

“É igualmente importante coordenar processos de due diligence, examinando minuciosamente os aspectos financeiros, legais, operacionais e estratégicos das empresas-alvo, assim como preparar propostas de aquisição, memorandos de entendimento (MOUs) e demais documentos necessários para formalizar a transação”, afirma Vasconcellos.

O profissional terá que priorizar o desenvolvimento de planos e estratégias para a integração eficiente de empresas recém-adquiridas, visando maximizar sinergias e otimizar a performance, assim como desenvolver estratégias de saída para empresas que estão buscando alienar determinados ativos ou divisões.

A função de um executivo de M&A exige habilidades estratégicas, financeiras, de negociação e liderança, bem como a capacidade de gerenciar relacionamentos complexos com diversas partes interessadas.

Profissionais com atuação voltada para a área de ESG também conquistam espaço neste ano que começa, com foco especial para o desenvolvimento de estratégias de investimento sustentáveis e para a integração de considerações ambientais, sociais e de governança (ESG) nas decisões financeiras.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recomenda ao mercado que inclua critérios ESG na avaliação do perfil dos investidores, o que aumenta a responsabilidade do RI. Será preciso também intensificar os esforços das empresas em relação à descarbonização, contribuir para o desenvolvimento de estratégias de investimento sustentáveis e identificar oportunidades de investimento em setores alinhados com princípios ESG.

Além disso, participar no desenvolvimento de produtos financeiros que promovam investimentos sustentáveis e criar fundos de investimento socialmente responsáveis têm que estar no radar, assim como avaliar o desempenho das empresas em relação a critérios ESG por meio de métricas específicas para mensurar o impacto ambiental, social e de governança de uma empresa.

Educar investidores, gestores de fundos e outras partes interessadas sobre a importância das finanças sustentáveis e promover a conscientização sobre o impacto positivo de escolhas de investimento sustentáveis são pontos que devem estar no foco do profissional da área.

Trata-se de uma presença obrigatória nas companhias abertas brasileiras. Com uma iminente de janela de IPOs (sigla em inglês para a oferta pública inicial de ações) em 2024, ou eventual aumento nas ofertas públicas de forma geral, é uma das carreiras mais promissoras atualmente.

Manter uma comunicação regular e transparente com acionistas e investidores, fornecendo informações relevantes sobre a empresa, é uma das prioridades. Garantir que a empresa cumpra as normas e regulamentações de divulgação de informações financeiras, coordenar a divulgar resultados trimestrais, anuais e outras informações relevantes são algumas das responsabilidades do profissional. Ele vai colaborar na elaboração de relatórios financeiros, apresentações e materiais que comunicam a situação financeira da empresa de forma clara e precisa.

O RI planeja e coordena conferências, divulga informações financeiras e estratégicas aos investidores, responde a perguntas e solicitações de informações por parte de acionistas e analistas financeiros, e facilita o diálogo entre a empresa e seus stakeholders” esclarece André Vasconcellos.

Segundo o especialista em mercado de capitais, os profissionais de RI também podem assumir o papel de acompanhar a percepção do mercado em relação à empresa, coletar feedback e insights dos investidores para informar a estratégia de comunicação, construir e manter relacionamentos com analistas financeiros, agências de rating e investidores institucionais, analisar as tendências do mercado financeiro e suas implicações para a empresa e fornecer informações estratégicas à Alta Administração.

Resumindo: os profissionais de Relações com Investidores desempenham um papel crucial na construção de confiança e transparência entre a empresa e seus stakeholders financeiros, contribuindo para a eficiência do mercado de capitais.

O setor de tecnologia se manteve mais equilibrado em 2023, mas a demanda por profissionais de TI segue alta. Bancos, seguradoras e a indústria são os setores que mais devem contratar profissionais da área, com destaque para cargos como Consultor ERP, Analista de Segurança Pleno e Cientista de Dados. Entre as atribuições deste profissional estão o desenvolvimento de soluções tecnológicas para serviços financeiros, integração de tecnologias, como blockchain, inteligência artificial e machine learning, exploração de oportunidades e desenvolvimento de aplicações relacionadas a blockchain e análise de criptomoedas e gestão de ativos digitais.

Será necessário projetar, desenvolver e manter sistemas financeiros e plataformas de negociação, criar algoritmos para otimizar a execução de transações, e trabalhar em empresas de tecnologia financeira (FinTech), desenvolvendo soluções inovadoras para serviços financeiros.

Explorar oportunidades em áreas como pagamentos digitais, empréstimos peer-to-peer e blockchain, participar no desenvolvimento de plataformas de crowdfunding e financiamento coletivo, conectando investidores a projetos e startups estão igualmente na lista de afazeres. 

De acordo com André Vasconcellos, o profissional de TI poderá também atuar na área de cibersegurança e garantir a segurança dos dados financeiros por meio do desenvolvimento de modelos preditivos para análise de risco e detecção de fraudes, além de desenvolver e implementar políticas de segurança robustas, e desenvolver soluções para gestão de ativos digitais e transações criptográficas, inclusive criando aplicativos móveis para oferecer acesso rápido a informações financeiras e ferramentas de negociação.

O marketing também entra para o time de áreas promissoras, principalmente na área de inteligência de mercado, análise de dados e marketing digital. Além de saber sobre comunicação e comportamento do consumidor, o profissional também pode agregar conhecimento em design thinking, assim como na produção de conteúdo interativo e experiências imersivas, incluindo vídeos 360°, realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR). A evolução da tecnologia, de fato, impactou o setor, abrindo possibilidades para especialistas em transformação digital, em marketing de influência e experiência do cliente (CX).

Na lista de “tarefas” deste profissional, estão também participar de diálogos com empresas para incentivar práticas sustentáveis e colaborar na implementação de políticas e práticas que promovam a sustentabilidade; participar na elaboração de relatórios anuais, trimestrais e apresentações para investidores; garantir consistência na mensagem e na imagem da marca; utilizar plataformas de mídias sociais para promover a marca da empresa,; compartilhar notícias e interagir com investidores e seguidores, por meio de conteúdo relevante para diferentes plataformas.

Além disso, ele deverá potencializar o relacionamento com a imprensa, para garantir uma cobertura positiva e precisa das atividades da empresa, seja por meio do preparo comunicados de imprensa ou organização de entrevistas, assim como monitorar a percepção da marca no mercado e ajustar as estratégias de comunicação conforme necessário de acordo com a eficácia das campanhas de marketing é também prioridade.

2024: a “onda” tecnológica avança no mercado de capitais

O desenvolvimento contínuo de tecnologias financeiras, como pagamentos móveis, blockchain, criptomoedas e plataformas de empréstimos peer-to-peer, devem impactar significativamente o setor financeiro em 2024. O movimento em direção ao Open Banking, que envolve a abertura de dados bancários para terceiros por meio de APIs (Interfaces de Programação de Aplicações), também projeta expansão, criando mais oportunidades para serviços financeiros personalizados, ressalta André Vasconcellos.

Desenvolvimentos em tecnologias de conectividade, como 5G, podem ter impactos no acesso a serviços financeiros e na infraestrutura tecnológica das instituições financeiras. A implementação de inteligência artificial e aprendizado de máquina em análises de dados, previsões de mercado, detecção de fraudes e automação de processos também é uma tendência que deve se consolidar.

O mercado de criptomoedas continua a evoluir, com possíveis desenvolvimentos em regulamentações, adoção mais ampla e inovações em novos tipos de ativos digitais. Além disso, se a tendência de NFTs continuar, poderá haver mais inovações e aplicações no setor financeiro, como tokenização de ativos tradicionais.

Embalado pelos acordos celebrados na COP-28, investimentos sustentáveis e critérios ESG podem ganhar mais destaque à medida que a conscientização sobre questões ambientais e sociais continua a crescer nas esferas pública e privada, ainda que o mercado continue identificando práticas de greenwashing no Brasil e no exterior, e também monitore a ocorrência do movimento anti-ESG especialmente nos EUA.

Vale ressaltar que mudanças nas regulamentações podem impactar as operações das instituições financeiras e moldar o ambiente de negócios. Por isso, o mercado está atento ao avanço de reformas econômicas estruturantes.

Fonte: Imagem gerada por inteligência artificial (IA) na tecnologia DALL-E 2, desenvolvida pela OpenAI, a mesma empresa por trás do fenômeno ChatGPT.

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