As vendas no varejo dos Estados Unidos superaram as expectativas em agosto, subindo 0,6%, conforme dados divulgados pelo Departamento de Comércio. O resultado vem após um avanço de 0,6% em julho, surpreendendo os economistas, que previam um crescimento menor, de 0,2%.
No entanto, especialistas alertam que a força do mercado pode ser enganosa. Parte desse aumento nas vendas pode ser resultado direto de aumentos de preços causados pelas tarifas sobre importações, e não de um maior volume de produtos vendidos. Essa percepção é reforçada pela recente alta nos preços ao consumidor, que tiveram o maior aumento em sete meses, impulsionado pelos custos de alimentos e vestuário.
O cenário do mercado de trabalho, com escassos ganhos de emprego e aumento do desemprego, representa um risco para a continuidade dos gastos do consumidor. Empresas têm adiado contratações devido à incerteza econômica, o que pode impactar o poder de compra das famílias.
Em resposta a essa fraqueza, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, deve cortar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual. O movimento busca apoiar o mercado de trabalho após o ciclo de flexibilização ter sido interrompido em janeiro devido a preocupações com os impactos inflacionários das tarifas.
Embora as vendas de bens como eletrônicos, móveis e carros tenham se mantido fortes, analistas notam uma desaceleração subjacente no consumo. Sam Bullard, economista do Wells Fargo, destacou que, apesar da resiliência, “o consumo está desacelerando” e que “as crescentes preocupações com o mercado de trabalho sugerem que provavelmente veremos uma redução no ritmo de crescimento dos gastos no restante do ano.”
Uma pesquisa recente do Bank of America Institute aponta que o impacto da fraqueza econômica é maior entre os grupos de menor renda e os mais jovens. Para esses consumidores, o crescimento salarial tem sido o mais lento desde 2016, refletindo as dificuldades em conseguir aumentos significativos ao trocar de emprego.