A compulsão pelo trabalho, conhecida como workaholismo, é um transtorno obsessivo-compulsivo, as possíveis causas da sua manifestação são através de demandas autoimpostas, incapacidade de regular hábitos de trabalho e uma dedicação excessiva ao trabalho, excluindo a maioria das outras atividades da vida.
Segundo a neuropsicóloga, mestre e professora do Insper de liderança e gestão de pessoas, Luciana Lima, a compulsão por trabalho pode funcionar como uma forma de escapar de problemas emocionais não resolvidos, oferecendo um alívio viciante.
“Esse transtorno se torna particularmente problemático em uma sociedade que glorifica o excesso de trabalho, tornando o tratamento ainda mais desafiador. Diferente da dependência química, onde é possível alcançar a sobriedade ao se abster da substância viciante, no caso do trabalho, se abster totalmente não é uma opção viável, uma vez que o trabalho é essencial para a subsistência”, alerta.
Lima diz que a compulsão pelo trabalho pode ter sérias consequências, afetando diversas áreas da vida. Entre os principais efeitos, se destaca a eficácia reduzida no trabalho, com alta incidência de retrabalho devido à falta de ordem e processos claros.
“O risco elevado de estresse crônico e a síndrome de Burnout são outras consequências graves, resultantes do ritmo de trabalho autoimposto. Além disso, o workaholismo pode resultar em relações disfuncionais. Muitos workaholics desenvolvem esse comportamento ao observar seus pais usando o trabalho para desviar de intimidades e desafios interpessoais’, alerta.
Problemas de saúde física, mental e emocional também podem ser comuns entre workaholics, que tendem a colocar outras dimensões da vida em segundo plano. O estresse elevado diminui a imunidade, enquanto os relacionamentos disfuncionais e a compulsão pelo trabalho podem abalar o estado emocional.
Segundo Lima, a criação de uma cultura corporativa que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é essencial, já que líderes empresariais têm um papel essencial na prevenção e tratamento do workaholismo nas organizações. Programas de bem-estar, horários flexíveis e um ambiente de trabalho que incentive pausas regulares podem fazer uma grande diferença na saúde mental dos colaboradores.
“O combate ao workaholismo é um desafio contínuo que requer conscientização, aceitação e ação. Ao reconhecer a gravidade do problema e tomar medidas para enfrentá-lo, é possível criar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, onde o sucesso não esteja à custa da saúde e bem-estar dos indivíduos”, finaliza Luciana Lima.