O Polo Industrial de Manaus (PIM) mantém trajetória de crescimento robusto e reafirma sua relevância econômica nacional, conforme dados do Painel Econômico do Amazonas (PEA), levantamento mensal do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM). Em 2024, as vendas do PIM totalizaram quase R$ 205 bilhões — o equivalente a US$ 38 bilhões — e a projeção para 2025 é ainda mais expressiva: US$ 44 bilhões. A estimativa de crescimento já considera o resultado surpreendente no início do ano e a persistência no crescimento do PIB, empregos e renda da população brasileira.
Segundo o estudo, de janeiro a abril deste ano, a demanda total por bens duráveis no Brasil foi de R$ 395 bilhões (US$ 67,5 bilhões), enquanto o faturamento das empresas do Polo chegou a R$ 74,5 bilhões (US$ 13 bilhões). “O PIM tem se consolidado como um pilar estratégico da indústria brasileira, com capacidade instalada, incentivos tributários e infraestrutura logística que dão segurança às operações industriais”, destaca André Ricardo Costa, Coordenador de Indicadores do CIEAM.
O levantamento detalha que, atualmente, 1.740 itens podem ser produzidos na Zona Franca de Manaus usufruindo dos incentivos fiscais. Entre os principais produtos, estão motocicletas, aparelhos de ar-condicionado, celulares e placas de circuito impresso —que concentram os maiores volumes de produção e crescimento. Motocicletas e aparelhos de ar-condicionado, por exemplo, têm apresentado expansão contínua desde 2022, com destaque para o desempenho recorde do segmento de refrigeração no início de 2024.
Outro ponto de destaque do estudo é a forte contribuição do PIM para a arrecadação de impostos no Amazonas. De janeiro a maio de 2025, o ICMS arrecadado a partir da atividade industrial representou 47% do total no estado — mantendo a indústria de transformação como a principal fonte de arrecadação do tributo. No acumulado do ano, a arrecadação já soma R$ 6,048 bilhões, evidenciando a força do setor na geração de receita estadual.
Na esfera federal, o Amazonas também se destaca: tem a maior arrecadação per capita de impostos federais entre os estados das regiões Norte e Nordeste e a nona maior do Brasil. Essa performance reforça a importância da ZFM não apenas para a economia regional, mas para o equilíbrio fiscal nacional.
Quanto à recente decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o impacto sobre o PIM deve ser mínimo. “Exportamos majoritariamente para países da América do Sul, como a Colômbia, e em volume muito pequeno para os EUA, especialmente motocicletas. Além disso, a maior parte dos insumos industriais vem da Ásia, o que nos protege de oscilações na relação comercial com os americanos”, explica Costa.
Apesar da complexidade do cenário internacional, o setor produtivo da Zona Franca mantém perspectivas otimistas, mas alerta para os entraves burocráticos que ainda dificultam a expansão do portfólio industrial. A entrada de novos produtos na lista de incentivos depende da aprovação do Processo Produtivo Básico (PPB), um trâmite exigido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Embora uma conquista recente tenha estabelecido prazos para resposta, o processo ainda é lento, incerto e sujeito a critérios subjetivos.
“Quando uma empresa inovadora quer produzir um item que não está na lista, precisa solicitar a criação de um novo PPB — como no caso de drones, por exemplo — e enfrentar uma série de etapas, incluindo consulta pública e aprovação técnica”, explica o Coordenador de Indicadores do CIEAM. Essa morosidade impõe uma defasagem no tempo de resposta do PIM às demandas do mercado, o que, segundo o CIEAM, reforça a urgência de modernizar os mecanismos regulatórios para que a Zona Franca de Manaus siga sendo um vetor estratégico de inovação, competitividade e geração de empregos no Brasil.