Em 2023, a Grande Seca recorde na Amazônia foi devastadora em muitos aspectos para o Polo Industrial de Manaus (PIM). Foram cerca de R$ 1,4 bilhão com gastos adicionais das empresas para transportar seus produtos. A estiada entre os meses de outubro e novembro do ano passado fez com que o Rio Negro, por exemplo, atingisse apenas 12,7 metros de profundidade, o menor nível em mais de um século.
Com dados do Comex Stat (plataforma para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro, ligado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), foi possível constatar que a importação pelo modal aquaviário do Amazonas reduziu seu volume, entre setembro e outubro de 2023, em cerca de 83%, quando se exclui os produtos associados à grãos, hidrocarbonetos e outros desvinculados da cadeia de insumos industriais para a Zona Franca de Manaus.
A interrupção da navegação de grande porte gerou reduções na arrecadação tributária do estado. “As perdas acumuladas na arrecadação de ICMS de outubro e novembro foram de R$ 253 milhões, se usarmos como referência o volume arrecadado em setembro. Já as perdas acumuladas na arrecadação de Imposto de Importação foram de R$ 23 milhões no mesmo período. No entanto, acreditamos que parte dessas perdas serão revertidas nos meses seguintes”, diz o coordenador da comissão de logística do CIEAM, Augusto César Rocha.
Outubro também foi um mês em que a indústria amazonense teve uma queda de 5,7% em comparação ao mesmo período de 2022, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em novembro, a produção industrial do Amazonas teve uma queda de 4,2% em relação a outubro, conforme o IBGE. Na comparação anual, esse percentual foi ainda maior, chegando a 10,3%.
Mesmo com a seca amenizada e, consequente, com o aumento dos níveis dos rios, o estado do Amazonas ainda não voltou à normalidade. O último boletim de estiagem do estado informou que 62 municípios amazonenses continuam em emergência.