A importância da sustentabilidade no cenário empresarial e corporativo é inquestionável, especialmente considerando a crescente atenção do mercado e do mundo a essa temática. Um estudo conduzido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) evidencia esse comprometimento, revelando que 98% das indústrias brasileiras já adotam pelo menos uma prática sustentável. Nesse contexto, a necessidade de estabelecer um novo padrão de comportamento, visando minimizar os impactos ambientais, torna-se uma prioridade para empresas de todos os portes e setores.
Segundo a engenheira ambiental, especialista no setor agroindustrial e sócia da Green Legal Tech Vankka, Clarissa M. de Souza, é fundamental destacar que a sustentabilidade não é uma responsabilidade exclusiva das grandes corporações, uma vez que as pequenas e médias empresas também têm um papel importante a desempenhar. “Incorporar práticas sustentáveis no dia a dia não exige a implementação de ações grandiosas, pelo contrário, a transição para uma postura mais sustentável pode começar com a adoção de práticas simples, demonstrando o comprometimento ambiental da organização. Essa abordagem não apenas agrega valor à imagem da empresa, como também impulsiona a eficiência operacional, promove uma cultura empresarial mais consciente e contribui para a redução de despesas desnecessárias”, explica.
Clarissa explica que a sustentabilidade e a aplicação da agenda ESG nas operações de setores corporativos, industriais e do agronegócio, são uma das principais tendências para 2024 e que os negócios que souberem aproveitar os incentivos nessa área, tendem a prosperar muito no futuro. “Empresas que abracem estratégias e modelos de negócios alinhados às melhores práticas de ESG estão construindo suas próprias bases de crescimento e perpetuidade, uma vez que a preparação antecipada para os desafios da sustentabilidade se traduzirá em maiores chances de sucesso para as empresas desses setores. Além disso, ao se alinharem a uma agenda de sustentabilidade, as empresas têm muito mais chances de se destacarem num mercado que olha cada vez mais para essas questões”, explica Clarissa.
Práticas sustentáveis que empresas podem planejar para 2024
1 – Avaliação da pegada de carbono
Antes de implementar qualquer estratégia, é importante realizar uma avaliação abrangente da pegada de carbono da empresa. Isso envolve a identificação e quantificação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas às operações, cadeia de suprimentos e produtos. “A compreensão clara desses impactos permite que as empresas estabeleçam metas realistas e eficazes de redução”, afirma a especialista.
2 – Descarbonização da cadeia de suprimentos
Colaborar com fornecedores comprometidos com práticas sustentáveis é vital. “Essas ações podem envolver a definição de padrões ambientais para parceiros comerciais, incentivando práticas mais limpas em todas as etapas da cadeia de suprimentos e trabalhando em conjunto para reduzir as emissões ao longo da produção e distribuição de produtos”, explica Clarissa.
3 – Gestão de resíduos
Uma das questões mais importantes de serem adotadas é a implementação de estratégias eficazes de gestão de resíduos. Isso envolve não apenas a redução do desperdício, mas também a promoção da reutilização e reciclagem de materiais. “Empresas podem estabelecer metas para redução de resíduos, incentivando a reciclagem de papel, plástico e outros materiais, além de explorar parcerias com fornecedores que adotem práticas semelhantes. A criação de programas internos de conscientização sobre a importância da gestão de resíduos pode envolver os funcionários e criar uma cultura sustentável dentro da empresa”, afirma a especialista.
4 – Eficiência energética e uso de energias renováveis
A busca por eficiência energética deve ser uma prioridade para as empresas que desejam adotar práticas sustentáveis, como a implementação de tecnologias mais eficientes, a adoção de fontes de energia renovável e a revisão dos processos operacionais para reduzir o consumo de energia. “Investir em painéis solares, turbinas eólicas ou participar de programas de compra de energia renovável são passos significativos que as empresas podem tomar para minimizar a sua pegada de carbono e, ao mesmo tempo, economizar custos operacionais a longo prazo”, explica Clarissa.
5 – Transparência na cadeia de suprimentos e sourcing sustentável
Em 2024, a transparência na cadeia de suprimentos se tornará uma prática ainda mais essencial para empresas comprometidas com a sustentabilidade, uma vez que os consumidores estão mais conscientes do que nunca sobre a origem dos produtos que consomem, exigindo informações detalhadas sobre práticas éticas e ambientais. “As empresas podem optar por fornecedores que sigam padrões éticos e ambientais rigorosos, promovendo não apenas a sustentabilidade em suas operações diretas, mas estendendo essa mentalidade a toda a cadeia de valor”, afirma a especialista
6 – Inovação em embalagens sustentáveis
A preocupação com os resíduos plásticos e a poluição ambiental tem levado as empresas a repensar suas estratégias de embalagem. Nesse ponto as empresas podem explorar materiais biodegradáveis, embalagens reutilizáveis e estratégias de design que minimizem o impacto ambiental. “Além disso, educar os consumidores sobre a importância de descartar adequadamente as embalagens e incentivá-los a escolher produtos com embalagens sustentáveis pode ampliar o impacto positivo dessa ação”, explica Clarissa.
7 – Promover o envolvimento da comunidade e ter responsabilidade social corporativa
O envolvimento ativo na comunidade e a responsabilidade social corporativa (RSC) são pilares essenciais para empresas sustentáveis. “Ao contribuir para o desenvolvimento da comunidade local, as empresas podem buscar parcerias com organizações sem fins lucrativos, apoiar iniciativas sociais e ambientais e envolver os funcionários em programas voluntários. A RSC não apenas fortalece a reputação da empresa, mas também cria um impacto positivo tangível”, afirma a especialista.
8 – Ter políticas de mobilidade sustentável
Promover opções de transporte sustentável para funcionários, como carros elétricos ou incentivos para o uso de transporte público, ajuda a diminuir as emissões relacionadas à mobilidade. “Além disso, estratégias como o trabalho remoto podem reduzir significativamente a pegada de carbono associada às viagens de negócios”, explica Clarissa.
9 – Investimento em inovação e tecnologia verde
A incorporação de inovações tecnológicas, como a Internet das Coisas (IoT) e a inteligência artificial, pode otimizar processos e reduzir o desperdício de recursos, contribuindo para a redução das emissões. “A pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias verdes também impulsionam a competitividade e a sustentabilidade a longo prazo, além de ser um diferencial competitivo importante para empresas que querem se destacar no mercado”, afirma a especialista.
10 – Compensação de carbono
A compensação de carbono, como parte integrante das estratégias de redução da pegada de carbono, desempenha um papel importante na transição para práticas mais sustentáveis e ao investir em projetos de compensação, as empresas não apenas neutralizam suas emissões inevitáveis, mas também contribuem para iniciativas ambientais positivas. “Projetos de reflorestamento, por exemplo, não apenas removem carbono da atmosfera, mas também promovem a biodiversidade e ajudam na conservação de ecossistemas essenciais. Essa abordagem não só beneficia o meio ambiente, mas também reforça a imagem da empresa como uma entidade responsável e comprometida com a mitigação das mudanças climáticas”, explica Clarissa.
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