A realidade financeira é um desafio persistente para a maioria dos trabalhadores no Brasil, revela o relatório “People at Work 2025” da ADP, empresa que é referência mundial em soluções de folha de pagamento e RH. A pesquisa, que entrevistou quase 38.000 trabalhadores em 34 países, incluindo o Brasil, mostra que, em terras brasileiras, 54% dos profissionais afirmam viver de salário em salário. O dado destaca a pressão econômica enfrentada no país, onde a capacidade de poupança e a construção de uma reserva financeira para o futuro são limitadas para grande parte da força de trabalho.
A parcela de trabalhadores que vivem de salário em salário é reflexo de uma vulnerabilidade financeira que se manifesta de diversas formas no mercado de trabalho. Para muitos, a busca por uma renda adicional tornou-se uma estratégia de sobrevivência, já que ilustra a dificuldade em alcançar um patamar de segurança financeira com apenas um emprego. A pesquisa da ADP mostra que 19% dos trabalhadores brasileiros possuem mais de uma fonte de renda. Desses, uma maioria, 60%, declarou que sua principal motivação para ter múltiplos empregos é a necessidade imperativa de cobrir despesas básicas.
Quando observadas as características demográficas, a pesquisa traz dados reveladores: mulheres (21%) têm uma leve predominância em relação aos homens (17%) quando se trata de atividades paralelas. A faixa etária também influencia: entre jovens de 18 a 26 anos, 25% acumulam mais de um trabalho, percentual que cai para 14% entre os que têm 55 anos ou mais.
No entanto, o levantamento da ADP mostra que acumular funções nem sempre resolve o cerne do problema. Em escala global, trabalhadores com múltiplos vínculos empregatícios continuam enfrentando dificuldades para equilibrar o orçamento. Isso indica que o problema está enraizado em fatores estruturais, como a defasagem salarial frente ao custo de vida.
Nesse contexto, as organizações têm um papel crucial. Loraine Blommendaal, Head de Pessoas & Cultura, Produto e Tecnologia Global da ADP Internacional destaca: “A remuneração é o alicerce da estabilidade financeira para a maioria, mas nossos números indicam que até mesmo aqueles com três ocupações ainda encontram dificuldades. Isso representa uma oportunidade para os empregadores adotarem uma política mais abrangente de reconhecimento e valorização.”
Especialmente no caso das pequenas e médias empresas, onde os recursos são mais limitados, adotar soluções criativas pode ser decisivo. De acordo com os dados do estudo, alternativas como planos de saúde, auxílios pontuais ou benefícios voltados à família, como ajuda com creche, contribuem para reduzir pressões do cotidiano. Tais iniciativas demonstram preocupação genuína com o bem-estar dos colaboradores, o que fortalece a confiança e melhora o desempenho das equipes.
Investir em pacotes de valorização que realmente impactem a rotina do trabalhador brasileiro vai além de uma postura ética, é uma decisão estratégica. Isso permite às empresas se posicionarem como aliadas no enfrentamento dos desafios econômicos enfrentados por seus times, ajudando a construir relações mais sólidas e um mercado de trabalho mais equilibrado.
A Inteligência Artificial também está remodelando o futuro do trabalho em meio a desafios financeiros, exigindo que empregadores e empregados se mantenham atualizados com as novas ferramentas e práticas.
Para os profissionais brasileiros, a adaptabilidade é essencial. Habilidades como interagir e interpretar saídas de IA, além de aplicá-las em soluções de negócios, são indispensáveis. A supervisão humana, o storytelling e a capacidade de aplicar características humanas continuam essenciais para lidar com complexidades que vão além do alcance da IA.
Além da compensação, o investimento em aprendizado contínuo deve ser parte da cultura organizacional. Recomenda-se integrar planos de desenvolvimento desde o início e alinhá-los com metas e avaliações de desempenho. O uso inteligente da tecnologia pode oferecer soluções de aprendizado personalizadas, transformando o desenvolvimento em uma parte natural do dia a dia, o que, por sua vez, impulsiona a retenção de talentos e o desempenho geral.