Pavel Durov, o CEO do Telegram, foi detido na França sob alegações de que o serviço de mensagens falhou em combater adequadamente crimes no aplicativo, incluindo a disseminação de material de abuso sexual infantil.
O bilionário de 39 anos, nascido na Rússia, foi preso no sábado (24) no aeroporto de Le Bourget, ao norte de Paris, conforme declaração da promotora de Paris, Laure Beccuau. No dia seguinte, o juiz responsável pelo caso prolongou sua detenção, estendendo-a de 24 para até 96 horas.
Antes do término desse prazo, na noite de quarta-feira (28), o magistrado deverá decidir se apresentará acusações contra Durov ou se o nomeará como testemunha na investigação, liberando-o em seguida.
Durov está sendo interrogado como parte de um caso iniciado por uma unidade de crimes cibernéticos da promotoria de Paris. Os juízes de instrução que conduzem o caso estão investigando uma ampla gama de acusações.
O Telegram é uma das principais plataformas de comunicação social, ao lado de gigantes como Facebook, YouTube, WhatsApp, Instagram, TikTok e WeChat. Pavel Durov fundou o Telegram em 2013 e deixou a Rússia em 2014, após se recusar a cumprir as exigências do governo russo para fechar comunidades de oposição em sua plataforma de mídia social, VKontakte, que ele acabou vendendo.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, questionou, em uma postagem no Telegram, se as ONGs ocidentais de direitos humanos permaneceriam em silêncio sobre a prisão de Durov, após criticarem a decisão da Rússia de “criar obstáculos” ao funcionamento do Telegram no país em 2018. Segundo a agência de notícias estatal russa Tass, a embaixada da Rússia na França está tomando “medidas imediatas” para esclarecer a situação.
O presidente francês Emmanuel Macron postou no X que a prisão de Durov “de forma alguma foi uma decisão política” e que caberá aos juízes decidir sobre o caso.