Conflito geracional é um tema presente em toda sociedade e, de forma mais marcante, na sociedade ocidental. Provavelmente, os mais novos não saibam, mas a calça jeans já foi sinônimo de contracultura, coisa de hippie! Ou que moço com cabelo cobrindo orelha era taxado de comunista! Coisas do passado…
Tudo isso foi sendo normalizado. A calça jeans que era de operário há muito tempo, passou a ser fabricada pelas grande grifes e incorporada ao vestuário de toda população. Hoje é difícil uma pessoa de qualquer idade e gênero não ter uma peça de jeans.
Atualmente nas empresas se vive um conflito geracional entre os Millenials e gerações anteriores. No passado, quase sempre, os mais “velhos” achavam que os mais novos eram moles, preguiçosos e mimados. Que quando eles eram jovens, eles sim davam duro, etc…
Agora, chegou a vez dos jovens do passado criticarem os mais novos. A observação mais comum é que eles são mimados, cheios de mi mi mi, querem tudo de mão beijada, etc.
Tudo que é novo e/ou diferente dispara alarme de ameaça. Nesta situação, a nossa reação instintiva é de luta ou fuga. Então criticamos.
Nenhuma geração anterior teve uma infância e adolescência com tanto acesso a bens de consumo e liberdade de comportamento. Os pais proporcionaram muito mais do que tiveram e, em muitos casos, era mais do que seria adequado.
Parafraseando a poetisa Cora Coralina, as crianças passaram a ter querer!
E elas cresceram em muitos casos, sem o aprendizado que a frustração pedagógica proporciona, por exemplo, a resiliência. No meu tempo, quando ia mal na escola, meu pai brigava comigo, mas isso mudou. Agora é o professor que é questionado porque o filho não foi bem. Esse é um pequeno exemplo de como as mudanças nas relações entre pais e filhos alteraram o comportamento de toda uma geração.
Este é mais um caso onde o excesso é danoso. Não permitir que assuma e resolva os problemas compatíveis com sua idade é negar a possibilidade de que o outro cresça e seja independente.
Mas será então que eles podem se considerar vítimas? Tanto quanto qualquer outra geração pode se considerar vítima das circunstâncias. Reclamar, justificar ou mesmo dizer “não pedi para nascer”, não muda nada. É só mais uma tentativa infantil de quem não quer assumir suas responsabilidades. Em tempo, você conhece alguém que pediu para nascer?
Temos então que, nas empresas, as pessoas reclamam que os jovens não tem disciplina, responsabilidade e compromisso. E, do outro lado, eles dizem que o trabalho é burocrático, monótono e não é motivador. Ambos tem parcela de razão, principalmente porque as pessoas não vem, não entendem o sentido do trabalho.
Qualquer trabalho visto como uma mera, e tão somente, fonte de receita não será estimulante por si. As escolas que antes funcionavam como centro disciplinador, onde o aluno permanecia sentado assistindo aulas horas a fio, preparando-os para a disciplina do trabalho, já não existem mais.
Muitas vezes, este conflito é silencioso, o que não permite que seja tratado objetivamente, mas que não evita que suas consequências afetem a organização.
Como conseguir engajamento e comprometimento, como tornar o trabalho motivador e interessante são questões vitais para sucesso de todos.
Penso que está mais do que na hora de nos libertarmos das formas e nos concentrarmos nos objetivos. Ter coragem de abrir mão da falsa segurança e conforto que os pequenos sinais de poder proporcionam. Atualmente as formas tradicionais de controle são absolutamente desestimulantes. Aliás, sempre o foram e agora então…
Para triunfar no atual ambiente competitivo, se faz necessário criar um ambiente que favoreça o trabalho colaborativo, criatividade destrutiva, maior velocidade e participação na tomada de decisões, onde os erros sejam uma fonte de aprendizado e não de punição. Lembre-se não é o mais forte que sobrevive, mas quem se adapta melhor às condições do ambiente.
Finalizando, como disse Deng Xiaoping, o líder que iniciou a grande transformação da China, “ não importa a cor do gato, desde que cace rato”.