O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta segunda-feira, 2, um novo pacote de ações da iniciativa BNDES Azul para a preservação da biodiversidade marinha e o desenvolvimento sustentável da economia do mar. O destaque é o lançamento da primeira chamada permanente do Banco voltada exclusivamente à proteção de ilhas oceânicas brasileiras: a “BNDES Biodiversidade – Ilhas do Futuro, Ninhos Protegidos”, com orçamento total de R$ 80 milhões, dos quais R$ 40 milhões são recursos do Fundo Socioambiental do BNDES.
O evento de lançamento ocorreu na Fortaleza de São José, localizada na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, com a participação do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e do Almirante de Esquadra Arthur Fernando Bettega, representando o Comandante da Marinha do Brasil. A chamada “Ilhas do Futuro” tem como objetivo principal a restauração de habitats reprodutivos de aves marinhas ameaçadas ou migratórias em nove conjuntos de ilhas e arquipélagos que integram Unidades de Conservação Federais (UCs) sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (IcmBio). As áreas contempladas são os arquipélagos de São Pedro e São Paulo e Fernando de Noronha; o Atol das Rocas; as ilhas de Abrolhos, Cagarras, Alcatrazes, Tupiniquins, Ilhas dos Currais, Arvoredo e Trindade.
A iniciativa também visa o controle de espécies invasoras, o monitoramento ambiental dessas áreas estratégicas e o desenvolvimento de bases para a criação de créditos de biodiversidade. A nova chamada do BNDES reforça o alinhamento do Banco com compromissos internacionais e políticas públicas relevantes, como o Plano de Ação Nacional para a Conservação de Aves Marinhas (PAN Aves Marinhas) e a Estratégia Nacional para Espécies Exóticas Invasoras. Instituições sem fins lucrativos que apresentarem projetos com valor mínimo de R$ 5 milhões podem se inscrever na chamada. O BNDES poderá financiar até 50% de cada proposta aprovada. As inscrições estarão abertas no site oficial do banco até o dia 17 de outubro de 2025.
Durante o evento, a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, enfatizou a expansão da atuação do Banco por meio da iniciativa BNDES Azul. Ela ressaltou que as ilhas oceânicas, sob a responsabilidade do ICMBio, enfrentam ameaças crescentes à sua biodiversidade, especialmente no que se refere às aves marinhas, algumas das quais se encontram em situação de vulnerabilidade. Campello destacou o direcionamento de recursos para a restauração desses ecossistemas frágeis, com foco no combate à presença de espécies invasoras, como ratos e ratazanas, que têm causado graves danos aos ambientes insulares. A recuperação desses locais é considerada estratégica para a conservação da fauna e para a manutenção do papel dessas ilhas como importantes plataformas naturais de reprodução e migração de aves.
Na mesma ocasião, o BNDES anunciou a ampliação da iniciativa BNDES Corais, que terá sua escala dobrada, totalizando R$ 176 milhões em investimentos destinados à recuperação de recifes de coral em diversas regiões do país. Desse montante, R$ 88 milhões são provenientes do Fundo Socioambiental do BNDES. A nova etapa da iniciativa BNDES Corais contemplará projetos do WWF, Funbio, Fundação José Bonifácio, RedeMar, Projeto de Conservação Recifal e AEPTEC-BA, com um investimento total de R$ 86 milhões, dos quais R$ 43 milhões serão aportados pelo BNDES. Em uma etapa anterior, foram selecionadas iniciativas da Fundação Espírito Santense de Pesquisa (FEST), Instituto Coral Vivo, Instituto Nautilus, Conservação Internacional, FAPESE e Associação PRO Mar, que receberão um investimento total de R$ 90 milhões, sendo R$ 45 milhões financiados pelo BNDES.
A cerimônia também marcou o anúncio do consórcio vencedor responsável pelo Planejamento Espacial Marítimo (PEM) da região Norte do Brasil. A parceria será conduzida pelo grupo formado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Environpac Sustentabilidade e Codex Remote, selecionado em edital lançado em novembro de 2024.
O estudo, que abrangerá as áreas costeiras dos estados do Maranhão, Pará e Amapá, contará com um aporte de R$ 13,3 milhões em recursos não reembolsáveis do BNDES, por meio do Fundo de Estruturação de Projetos (BNDES FEP). Adicionalmente, foi formalizada a assinatura do contrato para o PEM Sudeste, que será executado pelo consórcio “Sudeste Azul”, composto pela FGV e pela Environpact Sustentabilidade. Com foco nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo – região que concentra 82% da economia azul brasileira devido às atividades portuárias, de óleo e gás e turismo – o projeto receberá R$ 12 milhões em recursos do BNDES FEP.