O Instituto Empresa emitiu nota pública alertando para o aumento dos riscos na distribuição de produtos estruturados a investidores de varejo, após a confirmação de perdas significativas em certificados de operações estruturadas (COEs) lastreados em companhias como Ambipar e Braskem.
A XP Investimentos confirmou que os investidores sofreram retornos inferiores a 10% do capital aplicado, em função de eventos de crédito e da reprecificação dos ativos subjacentes. Os produtos haviam sido ofertados como alternativas de renda fixa com “proteção parcial” e acabaram sendo liquidados antecipadamente, em meio à deterioração das empresas emissoras.
Para o Instituto Empresa, o episódio expõe fragilidades recorrentes na originação e distribuição de COEs, que vêm sendo comercializados a um público com baixa compreensão dos riscos embutidos. “Os COEs são vendidos, em regra, num ambiente de desinformação ao investidor. Mas, aqui, o problema é maior: os ativos não foram adequadamente selecionados e auditados, sendo jogados ao varejo”, afirma Eduardo Silva, presidente do Instituto, que está estudando medidas e reunindo investidores prejudicados.
Os certificados de operações estruturadas combinam derivativos e ativos de crédito, com promessas de retorno atreladas ao desempenho de empresas, índices ou moedas. Embora o formato permita ganhos em cenários específicos, ele também pode gerar perdas expressivas quando o ativo de referência sofre reprecificação, como ocorreu no caso de Ambipar e Braskem, que enfrentaram forte volatilidade e questionamentos sobre estrutura de capital e governança.
O Instituto destaca ainda que a falta de padronização e de transparência nos prospectos torna a avaliação de risco mais difícil, tanto para investidores quanto para consultores. “É essencial que o regulador reforce as exigências de suitability e a supervisão sobre a comunicação de risco. Produtos complexos não podem ser tratados como aplicações convencionais de renda fixa”, diz Silva.
Segundo o Instituto Empresa, é preciso avançar na educação financeira e na responsabilização das instituições distribuidoras, especialmente quando a originação dos ativos não segue critérios técnicos robustos. O órgão também defende auditorias independentes e relatórios de risco padronizados, a fim de reduzir assimetrias de informação e evitar novas perdas em massa.
O caso XP/Ambipar/Braskem deve servir de alerta para investidores e reguladores sobre os limites entre inovação financeira e dever fiduciário. “Há um claro desequilíbrio entre a sofisticação do produto e a capacidade de entendimento do investidor médio. Isso precisa ser corrigido para que o mercado possa crescer de forma sustentável e transparente”, conclui Silva.