O grupo americano de energia AES tem cogitado sair do território brasileiro após 28 anos. A AES Brasil, listada nos mais altos padrões de governança corporativa da B3, é controlada pela AES Corp que detém 47% de seu capital total (o BNDES detém 7% e os minoritários 46%). Com isso, o Bradesco BBI atualizou as suas estimativas para a companhia e para o setor de forma a avaliar os principais catalisadores de valor antes de uma potencial operação de M&A (fusão & aquisição).
Para os analistas do Bradesco BBI, embora não esteja claro se a AES Brasil será vendida, a lista de prováveis compradores, na opinião da casa, poderia incluir Auren (AURE3), Engie (EGIE3) e até mesmo CTG. Avalia-se que, no momento, ao menos dois fatores pesam contra a permanência da americana no país. De um lado, sua elevada dívida da geradora; de outro, a baixa representação dos resultados da AES Brasil no balanço consolidado da AES Corporation.
No balanço do terceiro trimestre, foi relatado que em 30 de setembro o endividamento líquido da controlada atingia R$ 8,7 bilhões, enquanto o grau de alavancagem alcançava 5,6 vezes. Isso representou um aumento de 1,4 ponto percentual em comparação com um ano antes, segundo o critério de dívida líquida sobre o EBITDA ajustado. O lucro líquido da geradora nos nove meses de 2023 somou R$ 220 milhões. Como a AES Corp, via duas holdings no país, tem 47,3% do capital total, pouco mais de R$ 100 milhões são consolidados no resultado do grupo.
Um ponto destacado é que dois ou três grandes projetos de energias renováveis, concentrados em estados da região Nordeste, foram concluídos em 2023 e começarão a operar em plena capacidade neste ano. A empresa está praticamente concluindo um ciclo de investimentos significativos e, agora, começará a colher os frutos da geração de caixa. Estava previsto um desembolso total de R$ 2,8 bilhões no projeto de expansão no ano passado; para 2024, espera-se um investimento consideravelmente menor.
A informação sobre a saída da empresa no Brasil foi divulgada pelo colunista Lauro Jardim, do O Globo. Segundo o jornalista, a AES Corporation contratou os bancos Itaú e Goldman Sachs para auxiliar na venda dos ativos no País. A empresa declarou, em nota, que a a AES Brasil, como já comunicado anteriormente, informa que sua controladora, AES Corp, “avalia alternativas para financiar o crescimento da Companhia e melhorar sua estrutura de capital”.