O governo federal anunciou na última quinta-feira (22) um aumento nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para transações com cartão de crédito, débito e pré-pago no exterior, que subiram de 3,38% para 3,50%. A medida também atingiu a aquisição de moeda estrangeira em espécie, cujo IOF saltou de 1,10% para 3,50%.
O ajuste no imposto foi divulgado em conjunto com um corte orçamentário de R$ 12,5 bilhões, resultante de contingenciamentos e bloqueios. De acordo com o Ministério da Fazenda, o aumento do IOF visa minimizar os impactos dos cortes necessários no orçamento deste ano e do próximo.
No entanto, o governo já reverteu uma das medidas propostas, recuando na cobrança de IOF para o envio de recursos ao exterior por fundos de investimentos nacionais.
A XP Investimentos avalia que o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) terá um impacto macroeconômico relevante, estimando um efeito equivalente a uma alta de 25 a 50 pontos-base na taxa Selic. No entanto, a casa de investimentos ressalta que o impacto sobre as empresas sob sua cobertura deve ser modesto, com as companhias mais atingidas provavelmente conseguindo mitigar os efeitos por meio de estratégias alternativas.
A equipe de estratégia da XP destacou três pontos principais em seu relatório:
- Capital de Giro e Custos de Crédito: Empresas com alta rotatividade de capital de giro podem, teoricamente, enfrentar custos de crédito mais elevados. Contudo, a maioria dos analistas da XP projeta um impacto limitado nos lucros dessas companhias.
- Transações em Moeda Estrangeira: Setores com grande exposição a transações em moeda estrangeira podem sentir o peso do IOF de 3,5% sobre o câmbio. No entanto, a XP aponta que práticas de hedge (proteção financeira) e a escala operacional das empresas tendem a ajudar a mitigar esses efeitos.
- Fusões e Aquisições (M&As) e Investimentos no Exterior: É possível que o aumento do atrito tributário gere algum atraso em operações de M&A internacionais, investimentos em CAPEX (despesas de capital) ou reinvestimentos no exterior. Apesar disso, a XP considera improvável que essa medida altere de forma relevante os rumos estratégicos das companhias.
No detalhe setorial, a XP Investimentos vê um impacto limitado para as empresas de Agro, Alimentos & Bebidas em sua cobertura, já que a maior parte de suas dívidas é composta por linhas de crédito ou emissões no mercado de capitais que são isentas de IOF. Contudo, Raízen e Minerva podem apresentar uma percepção de maior alavancagem devido às operações de forfait que ambas realizam.
Para as empresas de bens de capital, os analistas esperam impactos mínimos, considerando sua limitada exposição a operações de forfait. No setor de saúde e educação, o perfil de endividamento é majoritariamente composto por debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que não deverão ser afetados pelas novas medidas.