A montadora chinesa BYD está se preparando para iniciar a montagem de veículos elétricos em sua nova fábrica no Brasil já neste mês de julho. A informação foi divulgada por Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD no Brasil, em uma entrevista na última sexta-feira (4). A iniciativa visa diminuir a dependência de importações, especialmente diante do aumento das tarifas de importação que entraram em vigor no dia 1º de julho.
A expectativa da empresa é montar cerca de 50 mil carros ainda este ano na fábrica localizada na Bahia, utilizando kits importados. Baldy mencionou que a BYD está em negociações para obter uma alíquota de imposto menor para esses veículos montados localmente.
Apesar do envio de um grande volume de carros da China para o Brasil nos primeiros cinco meses de 2025, totalizando aproximadamente 22 mil veículos, o que gerou críticas por parte da indústria automotiva brasileira, a BYD reafirma o compromisso com a produção local. Um secretário de trabalho estadual havia previsto que a fábrica só estaria plenamente operacional no final de 2026. Contudo, Baldy assegurou que a empresa está no caminho certo para iniciar a produção local completa em julho de 2026, após um período de 12 meses de montagem de veículos a partir de kits CKD (complete knock down).
A fábrica em Camaçari, instalada no local de uma antiga unidade da Ford assumida pela BYD em 2023, tem o potencial de gerar até 20 mil empregos diretos e indiretos quando estiver em plena operação. No entanto, o projeto tem enfrentado desafios, incluindo acusações de abusos trabalhistas envolvendo empreiteiras chinesas contratadas para a construção do complexo. O Ministério Público do Trabalho (MPT) chegou a entrar com uma ação judicial em maio, responsabilizando a BYD e as empreiteiras por suposto tráfico de pessoas e submissão de trabalhadores a condições análogas à escravidão, após tentativas de acordo terem falhado.
“Nós sempre buscamos respeitar a lei brasileira, a dignidade humana”, declarou Baldy, expressando o desejo da empresa de encontrar uma solução para as questões trabalhistas pendentes, embora não tenha detalhado os motivos do insucesso nas negociações com o MPT.