Desde o surgimento do Homem na Terra, ele tem causado impacto ambiental. À medida que a espécie humana foi desenvolvendo novas tecnologias, os impactos ambientais também foram se ampliando em intensidade e extensão. Só que desde a Revolução Industrial, os impactos têm ocorrido em uma escala sem precedentes, principalmente, com o uso dos combustíveis fósseis, e outros gases do efeito estufa.
As mudanças recentes no clima são generalizadas, rápidas, intensificadas e sem precedentes em pelo menos 6500 anos, de acordo com o 6.º Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas), com isso, a menos que haja reduções imediatas, rápidas e em grande escala nas emissões dos gases do efeito estufa, limitar o aquecimento global a 2,0º C pode ser impossível.
Mês a mês já estamos batendo recordes e, em janeiro de 2024, a ONU confirmou que 2023 foi o ano mais quente já registrado, com a média anual global sendo de 1,45ºC acima dos níveis pré-industriais. Esse valor está cada vez mais próximo do marco limite de 1,5ºC do Acordo de Paris. Segundo a OMM (Organização Meteorológica Mundial), o ano de 2024 pode ser ainda mais quente, acompanhado por enormes impactos socioeconômicos. (Nações Unidas Brasil, 2024).
Com isso, as alterações climáticas são o maior desafio que a humanidade enfrenta e está afetando todas as pessoas, especialmente, os mais vulneráveis.
Algumas mudanças já observadas no sistema climático são irreversíveis. No entanto, algumas podem ser retardadas e outras podem ser interrompidas se as emissões forem reduzidas.
Para limitar o aquecimento global, são necessárias reduções fortes, rápidas e sustentadas de CO2, metano e outros gases do efeito estufa. Isso não só reduziria as consequências da mudança do clima, mas também melhoraria a poluição do ar nas cidades.
Segundo o IPCC, o aquecimento global é provocado por emissões antrópicas, com aquecimento associado aos gases do efeito estufa e parcialmente mascarado pelo resfriamento provocado pelos aerossois (cerca de 1/3 do aquecimento já realizado).
A cada aumento no aquecimento, haverá maiores mudanças na precipitação, maiores mudanças na umidade do solo, déficit de áreas (o Brasil já está se tornando uma área mais seca, segundo dados da Embrapa Agropecuária de 2019 apud Krug, e aumento dos eventos climáticos extremos em todo o planeta.
O que fazer?
No artigo da semana passada, eu fiz um convite de transformação do binômio risco – retorno para risco – retorno – impacto, com exemplos de uma nova economia mais regenerativa.
Hoje, eu faço um novo convite, para a colaboração radical, com humanos e natureza trabalhando juntos em uma nova abordagem, um novo paradigma. Segundo a UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente):
- Os governos precisam tornar seus planos de emissões líquidas zero uma parte integrante dos compromissos de Paris.
- Devem financiar e apoiar os países em desenvolvimento para se adaptarem às mudanças climáticas, conforme prometido no Acordo de Paris.
- Devem descarbonizar mais rápido.
- Restaurar os sistemas naturais que absorvem o carbono.
- Eliminar o metano e outros gases de efeito estufa mais rapidamente.
- Apoiar a Emenda Kigali ao Protocolo de Montreal para reduzir o impacto climático da indústria de refrigeração.
- E cada empresa, cada investidor, cada cidadão precisa fazer sua parte.
Então, além da coragem, que é agir a partir do coração, parafraseando Raj Sisodia e Michael Gelb, no livro “Empresas que Curam”, é necessário despertar a consciência dos negócios para ajudar a salvar o mundo. Como? Por meio de uma revelação simples e profunda: negócios que operam com amor e fazem da evolução humana sua prioridade enriquecerão as vidas de todos os interessados, gerarão abundância mais sustentável e ajudarão a resolver muitas de nossas crises atuais.
Gerar riqueza fazendo a diferença positiva no mundo, com significado e propósito. Usando o poder dos negócios com criatividade para elevar seres humanos e oferecer uma “primeira chance” aos que têm dificuldade na vida. A maximização do valor para o acionista tem sido a ideia mais devastadora na história dos negócios.
Ao contrário disso, empresas podem curar, em vez de contribuir para o sofrimento do mundo, repensando a empresa como todo. Agora, o lucro, o lucro é um bem social. É uma irresponsabilidade social uma empresa não ser lucrativa.
A busca pela riqueza alimenta a criatividade, a inovação e o empreendedorismo. Além do mais, sem lucros não há receita tributária e, sem receita tributária não haverá infraestrutura ou serviços públicos.
Mas, para isso, o amor deverá estar no centro. O amor que transcende o ego e pensa em um amor maior de cuidado com a sustentabilidade (perenidade) dos negócios, mas atentando para a necessidade de conservação do meio ambiente, da preservação dos serviços ecossistêmicos, da gestão da biodiversidade, do uso sustentado dos recursos naturais e da manutenção do patrimônio natural. Afinal, nem nós e nem nossos processos produtivos existimos em um vácuo.
Referências:
Krug, T. Mudanças do Clima e Metas Empresariais para o COP 26. O que diz a Ciência? Centro de Estudos de Infraestrutura & Soluções Ambientais. Webinar FGV, outubro de 2021.
Nações Unidas Brasil. ONU confirma que 2023 bate recorde de temperatura global. 12/01/20214.
Sisodia, R.; Gelb M. J. Empresas que curam: despertando a consciência dos negócios para ajudar a salvar o mundo. Editora Alta Books. 1.ª edição, 2020.