A Rock Encantech, referência em soluções para engajamento de clientes na América Latina, divulgou um levantamento focado no desempenho do varejo alimentar brasileiro em julho. A pesquisa analisou 60 milhões de transações, que mostram as principais tendências do setor e as mudanças no comportamento de consumo.
O segmento registrou uma alta de 4,8% em julho na comparação com o mês anterior. No recorte por canais, os atacarejos avançaram 3,9%, puxados principalmente pelo aumento do gasto médio dos shoppers (+1,8%), da frequência de ida às lojas (+2,5%) e do número de itens por compra (+0,4%). Já os supermercados cresceram 3,3%, com aumentos de 0,8% e 2,5% nos dois primeiros tópicos respectivamente e uma queda de 1,1% no último.
Além disso, em julho, os supermercados registraram um percentual de 81,8% no IFEV (Índice de Fidelidade e Engajamento do Varejo), enquanto os atacarejos alcançaram 106,3%. A ferramenta é voltada para o entendimento de como determinadas ações do setor impactam o comportamento de compra e promovem a retenção de clientes. O indicador funciona a partir da análise do ticket médio, calculando a diferença entre o engajamento do shopper fidelizado e do não fidelizado. Ou seja, o índice comprova que o primeiro grupo compra mais que o segundo.
Apesar dos números positivos, Fernando Gibotti, vice-presidente de Varejo e Indústria da Rock Encantech, ressalta que os avanços registrados no período seguem amplamente ancorados no preço médio dos produtos. “A composição do crescimento indica que a pressão inflacionária ainda tem um papel muito relevante no desempenho do varejo alimentar. Por outro lado, os sinais de ajuste em categorias-chave podem influenciar o setor nos próximos meses”, explica.
Produtos mais vendidos
Entre os 25 produtos mais vendidos em julho de 2025, 14 registraram redução no preço médio em comparação ao mês anterior. A maior queda foi observada na categoria de frutas, legumes e verduras (-5,3%), seguida por café em pó (-3,5%) e arroz (-3,2%). Ainda assim, itens como sabonete (+2,8%), biscoitos industrializados (+2,7%) e açúcar refinado (+2%) mantiveram trajetórias de alta.
Para Gibotti, essas variações reforçam o impacto nas vendas dos varejistas. “Assim como a inflação, há uma gama de questões externas que recaem diretamente sobre os preços dos produtos. Estamos falando de fatores como períodos de safra, ajustes de fornecedores, aumento dos custos de produção etc.”, afirma.
Panorama do setor
Os resultados do varejo alimentar de julho chegam após uma fase de retração do setor. Em junho, o segmento registrou uma queda de 6,2% na comparação com o mês anterior, impulsionada pela redução de 1,9% no ticket médio e também de 1,9% na quantidade de itens no carrinho.
No período, tanto o canal de supermercados quanto o de atacarejos recuaram de forma significativa. O primeiro diminuiu o faturamento em 4,6% e o segundo, em 6%.
No entanto, vale destacar que o aumento dos preços médios garantiu ao setor altas constantes em relação a 2024. No comparativo de julho com o mesmo mês do ano anterior, os respectivos canais avançaram 7,2% e 3,6%. No recorte de junho, os crescimentos foram de 5,1% e 1,3%.
Gibotti reforça que esses números precisam ser observados com cautela. “Um crescimento ou uma retração muitas vezes são eventos mais complexos no varejo alimentar do que apenas percentuais positivos ou negativos. Por isso, cada varejista precisa agir para lidar com imprevistos e focar esforços, principalmente, em entender o comportamento dos shoppers, que é o que pode direcionar decisões mais eficientes”, conclui.