O CFO moderno está mais para estrategista econômico do que para contador sofisticado
O CFO moderno é o novo diretor financeiro que assume o protagonismo como agente de transformação econômica nas empresas
Por muito tempo, o Chief Financial Officer (CFO), o então conhecido diretor financeiro, era o guardião silencioso dos balanços, aquele que fechava as contas e dominava as planilhas. Mas esse personagem mudou, e muito. “Hoje, o CFO moderno está mais para estrategista econômico do que para contador sofisticado. Ele é a mente por trás das decisões que movem bilhões, o intérprete de crises globais e, cada vez mais, o protagonista da transformação nas empresas”, explica Alysson Guimarães, CEO da LeverPro, empresa brasileira especializada em soluções de planejamento e análise financeira (FP&A) para médias e grandes empresas.
Segundo ele, a mudança foi impulsionada principalmente pela incorporação de tecnologias avançadas nas finanças corporativas, o que tem se tornado um diferencial competitivo. Segundo o último relatório da McKinsey (2024), empresas que contam com CFOs digitalmente capacitados apresentam um EBITDA 15% superior à média de seus setores. Esse ganho de eficiência decorre principalmente da adoção de ferramentas como inteligência artificial para previsão de fluxo de caixa (utilizada por 72% dos CFOs de grandes corporações) e blockchain para gestão de riscos (35% das empresas do IBOVESPA já implementaram).
Outro aspecto que colocou os CFOs, isto é, os diretores financeiros, na linha de frente foi a tempestade macroeconômica dos últimos anos, com juros flutuantes, inflação persistente e volatilidade cambial. De acordo com a Economatica, 68% das empresas listadas na B3 revisaram suas estratégias de hedge cambial nos últimos 12 meses. Algumas foram além. A Lojas Renner, por exemplo, reduziu em 40% sua exposição ao dólar com uma manobra liderada diretamente pelo time financeiro.
“E o mercado de capitais reconhece quem lidera a inovação. Um estudo do Itaú mostra que empresas com CFOs considerados ‘inovadores’ captam a juros até 1,5 ponto percentual abaixo da concorrência”, exemplifica o CEO da LeverPro.
Essa lógica tem implicações profundas. O Credit Suisse estima que empresas com CFOs estratégicos são avaliadas em até 20% a mais pelo mercado. A Weg ilustra bem essa tese: após reformular sua diretoria financeira, viu seu valor de mercado crescer 35% em apenas 18 meses, em pleno ciclo de retração do Ibovespa.
A valorização acompanha o impacto. A consultoria Mercer aponta que a remuneração média dos CFOs das 100 maiores empresas brasileiras chegou a R$ 4,2 milhões anuais em 2024. Segundo estudo da McKinsey, diretores financeiros com domínio de IA e blockchain impulsionam resultados; salários chegam a R$ 8 mi/ano, como nas fintechs e bancos digitais, e os profissionais com certificações como o CFA (Chartered Financial Analyst) chegam a ganhar até 35% a mais. Segundo estudo Page Executive, a remuneração fixa do CFO começa com R$ 70 mil em grandes empresas.
O salário-base pode incluir remuneração variável e participação acionária, comuns para executivos em posições estratégicas. Isso quer dizer que a remuneração pode ultrapassar os R$ 100 mil, de acordo com o porte e o faturamento da empresa.
Para Alysson Guimarães, não é só o salário que mudou. O perfil também se transformou. De acordo com a Russell Reynolds, 62% dos CFOs das 500 maiores empresas brasileiras vieram de áreas fora das finanças, como tecnologia e operações. E 45% possuem MBAs internacionais. Habilidades como programação em Python e domínio de ferramentas como Power BI viraram pré-requisitos. “O CFO moderno deixou de ser um contador sofisticado para se tornar o arquiteto da criação de valor na empresa. Seus conhecimentos em finanças comportamentais, modelagem econômica e gestão de ativos intangíveis são tão importantes quanto o domínio técnico dos relatórios contábeis. E, mais recentemente, o domínio da tecnologia.”
Na Ambev, por exemplo, o CFO implementou um sistema de inteligência artificial que reduziu em 30% o impacto inflacionário nos custos operacionais. Já no Nubank, a CFO da instituição, formada em ciência de dados, utiliza machine learning para antecipar movimentos de inadimplência.
“As principais competências do CFO moderno incluem visão estratégica, fluência tecnológica, capacidade de tomar decisões baseadas em dados e um forte compromisso com práticas ESG”, diz Alysson, que possui também um canal com 70 mil seguidores nas redes sociais e disponibiliza nele o “Manual do CFO”, que ajuda profissionais que buscam se adaptar a esta nova realidade.
A frase que melhor sintetiza esta transformação talvez seja a do próprio Guimarães: “O CFO do futuro não pergunta ‘Quanto gastamos?’, mas ‘Como esse investimento transforma nosso negócio e o mundo?’. Com a convergência entre tecnologia, sustentabilidade e estratégia, a função de diretor financeiro redefine seu papel e importância no cenário corporativo contemporâneo.”
Sobre a LeverPro, acesse: https://www.leverpro.com.br/
Referências:
XP Investimentos
Pesquisa “CFO do Amanhã” 2024, realizada pela Deloitte, em parceria com o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP).
Pesquisa Page Executive