Os cursos de medicina, altamente procurados e responsáveis por cerca de 40% da receita do mercado de ensino superior, estão começando a perder valor devido ao aumento na oferta dessa graduação. Em 2020, uma vaga em medicina chegou a ser negociada por R$ 3 milhões; nos últimos dois anos, o valor caiu para cerca de R$ 2 milhões, e no mês passado, a Cruzeiro do Sul pagou R$ 1,2 milhão por uma vaga.
Mesmo considerando outras métricas, como lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), há uma redução. Essa desvalorização no “valuation” ocorre porque muitas faculdades só conseguem formar turmas recorrendo a três ou quatro listas de chamada e, mesmo assim, algumas instituições de ensino, especialmente aquelas em regiões distantes, não preenchem todas as vagas — uma situação impensável há alguns anos. Entre 2014 e 2022, a relação candidato-vaga nos cursos privados de medicina caiu de 31,9 para 8,9, segundo a Associação Médica Brasileira (AMB).
Em 2022, havia 175,7 mil alunos estudando medicina em faculdades privadas, um aumento de 66 mil estudantes em comparação a 2018. Nos últimos quatro anos, houve um incremento de cerca de 10 mil vagas em faculdades privadas. Atualmente, são 37,4 mil vagas nas faculdades particulares e 9,6 mil nas universidades públicas.
Grandes grupos como Ânima e Cogna estão buscando investidores para seus setores de medicina, mas até agora sem sucesso. A Kinea chegou a fazer uma oferta por uma parte da KrotonMed, mas não houve acordo de preço. Em 2022, a Ânima contratou o J.P. Morgan em busca de novos recursos, que poderiam vir por meio de abertura de capital, venda de uma participação ou fusão. Em 2021, a Ânima vendeu 25% da Inspirali para a gestora DNA Capital por R$ 1 bilhão.