Essa tal da ansiedade !  (1° parte)

Em pleno século XXI, quando a humanidade atingiu seu nível mais elevado de desenvolvimento tecnológico, o sujeito que deveria estar se fartando deste progresso vive em crise, uma grande crise de ansiedade como nunca visto.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, no Brasil 18,9 milhões de pessoas sofrem deste mal. Mas de onde vem esta situação paradoxal?

O crescimento econômico não foi um processo neutro, os benefícios não foram equitativamente distribuídos entre regiões geográficas, classes sociais e setores econômicos.

Olhando os últimos 50 anos, é fácil constatar  que o ciclo de inovações é cada vez mais intenso, que é o mesmo que falar que o ciclo de obsolescência é cada mais curto. Industrias foram sucateadas e novas foram criadas, profissões foram eliminadas e novas competências foram requeridas. A sociedade está mais rica, mas a desigualdade social está maior, a concentração de renda aumentou.

O emprego estável, o casamento até que a morte os separe e uma sociedade estável, homogênea e  previsível já não existem mais.

Nós parecemos como aquele sapo que é mergulhado numa panela com água fria e é cozido lentamente. Não percebemos e morremos sem reagir.

Mas… e aquela positividade toda, que poderia ser resumida por “ Yes, we can” ?

 Esta me parece outra metade da tesoura. Paralelamente a uma profunda transformação que estávamos vivendo nos últimos 30 anos, popularizou-se a ideia de que tudo é possível e só depende de você. Exemplos de sucesso na era da mídia social não faltam: start up que viram unicórnios, empreendedores de sucesso, luxo ao alcance de todos e tudo isto só dependendo do seu esforço.

Esta ideia de que tudo depende de você, do seu esforço, esconde uma terrível armadilha. Se você não atingiu seu alvo, você é o culpado!

Dizem que meia verdade é uma meia mentira, e como não acredito em semi virgem…

Subliminarmente ela passa a ideia de que nós somos onipotentes. Yes you can, só depende de você!

Temos um cenário perfeito para uma grande batalha: um mundo em rápida e profunda transformação, aprofundando as desigualdades e fazendo desmoronar as bases sociais de mundo em que fomos criados. Do outro lado, oferecem-nos todo esse discurso de uma mentalidade positiva para enfrentar esta nova realidade que nos cerca.

Nesta altura vale citar Sun Tzu.

“ Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas…”

É uma crônica de uma morte anunciada, o resultado desta batalha é fácil de prever. Na ausência de um diagnóstico correto é muito provável que o remédio vire veneno.

(continua na próxima quinzena)

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