Com a crescente pressão do Presidente Donald Trump para a redução dos custos dos medicamentos e a eliminação de “intermediários” no complexo sistema de saúde americano, diversas empresas farmacêuticas anunciaram recentemente que passarão a vender produtos diretamente aos pacientes nos Estados Unidos, oferecendo descontos.
O cenário de preços exorbitantes no país — onde os pacientes chegam a pagar quase o triplo por medicamentos prescritos em comparação com outras nações desenvolvidas — motivou a Casa Branca a exigir cortes e a planejar o lançamento de um site governamental, o TrumpRx.gov, no início de 2026, para oferecer preços reduzidos.
As ações das farmacêuticas se materializaram em grandes acordos e novos canais de distribuição. A AstraZeneca, por exemplo, fechou um acordo com o governo Trump em 10 de outubro, garantindo alívio tarifário por três anos em troca da venda de alguns medicamentos com desconto no plano Medicaid. Além disso, a empresa anglo-sueca concordou em oferecer descontos de até 80% em certos produtos que serão comercializados através do futuro portal TrumpRx.gov.
Em linha com essa postura, a Pfizer anunciou um acordo similar no início de outubro, comprometendo-se a reduzir os preços dos medicamentos prescritos no programa Medicaid para os níveis cobrados em outros países desenvolvidos. Em troca do alívio tarifário, a gigante farmacêutica sediada nos EUA prometeu um investimento de US$ 70 bilhões em pesquisa, desenvolvimento e fabricação nacional.
A tendência de vendas diretas e descontos foi notável em medicamentos de alta demanda. A dinamarquesa Novo Nordisk informou em agosto que oferecerá o medicamento para diabetes Ozempic por US$ 499 mensais a pacientes elegíveis que optarem por pagamento em dinheiro por meio de sua própria farmácia, em uma parceria com a GoodRx e outras plataformas de telessaúde.
A empresa já havia estabelecido colaborações com telessaúde para a venda do Wegovy, seu popular medicamento para perda de peso. Seguindo o mesmo caminho, a Eli Lilly confirmou em junho que enviará as duas doses mais altas de seu medicamento para perda de peso Zepbound diretamente a clientes pagantes via seu site a partir do início de agosto.
A Bristol-Myers Squibb, por sua vez, anunciou em setembro que reduzirá os preços para pacientes elegíveis nos EUA para o tratamento de coágulos sanguíneos Eliquis e para o medicamento de psoríase em placas Sotyktu, sendo este último oferecido com um desconto superior a 80% sobre o preço de tabela. Por fim, a AbbVie também respondeu às exigências de Trump, ao prometer lançar seu medicamento para câncer de ovário Elahere no Reino Unido a um preço de tabela correspondente ao dos EUA.