Ao analisar a minha trajetória, ressalto como a maturidade foi essencial para compreender sobre em que focar com o intuito de alcançar o sucesso. No início, superei obstáculos intrínsecos, ao praticar a autoanálise, tendo em vista ser melhor a cada dia – com humildade e resiliência. Assim, consegui me destacar no universo corporativo e, atualmente, ocupo a posição de vice-presidente da General Motors China, corporação na qual atuo há quase três décadas.
Nasci em Dracena, uma pequena cidade do interior paulista, na qual passei a minha juventude, até concluir o Ensino Médio. Cresci junto à minha família, sendo que o meu pai, Antonio Correa De Toledo Neto, é médico veterinário, enquanto minha mãe, Massako Heloisa Watanabe De Toledo, é professora; tenho duas irmãs, Lea e Isis.
Minha família era de classe média e, ao chegar no período de prestar vestibular, as opções eram poucas – algo bastante comum à época. As carreiras mais tradicionais pendiam para Medicina, Direito, Engenharia ou Administração. Além disso, as melhores instituições se concentravam na capital paulista.
Desta forma, optei por me tornar engenheiro e, após realizar o cursinho, obtive enorme êxito, ao me graduar em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1994. Sequer sabia ao certo quais seriam os meus próximos passos a partir da conclusão de minha graduação.
Significou como um começo bastante difícil, ao deixar uma cidade de aproximadamente 40 mil habitantes, para migrar rumo à capital paulista. Estava com 17 anos, e fui morar distante da minha família, enfim, tudo era muito novo, apesar de contar com parentes em São Paulo. Mas tive a excelente oportunidade de ser acolhido na Casa de Estudantes Harmonia, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, que abrigava estudantes filhos de imigrantes japoneses.
Valorize o que se tem controle com o foco em ascender na carreira
Alguns amigos comentaram sobre uma entrevista de estágio, e fui com eles na empresa Cummins, em Guarulhos, município vizinho à capital paulista. A Cummins é uma empresa multinacional norte-americana, que produz motores a diesel. O coordenador conversou comigo e me convidou a realizar a entrevista. Logo, passei a superar as etapas do processo seletivo, até ser aprovado.
Ao ingressar na companhia, descobri a real conexão entre o mundo acadêmico e o que pretendia realizar de fato. Assim, estagiei durante dois anos, até me formar, e acabei sendo efetivado na organização. Ao adentrar a universidade, considerava saber mais do que detinha de conhecimento de fato, pois sempre fui bom aluno. Contudo, me deparei com inúmeras dificuldades na USP, haja vista como o curso é bastante duro e complexo.
Mas, dentro da república onde morava, contei com a ajuda de meus amigos, veteranos da faculdade, que me ajudaram a estudar. Eu me formei em 1994, mas só alcancei uma posição de liderança em 2005, após galgar os diversos degraus do mundo corporativo. Saliento como demorei um pouco para atingir um posto de mais relevância, e aponto como isso se deu pela dificuldade em amadurecer. Pensava, erroneamente, que se trabalhasse arduamente as pessoas me notariam, e me preocupava demais em dar atenção às ações fora do meu controle.
Somente ao compreender que só tinha domínio sobre o meu próprio comportamento, em sempre procurar dar o melhor no dia a dia, em constante evolução, encontrei o caminho para ascender profissionalmente, imbuído por enorme gratidão. Ao focar nos atos sob meu controle consegui alavancar a carreira para alcançar o sucesso.
A relevância de ser expatriado rumo ao posto de vice-presidente na General Motors
Comecei na Cummins, e cheguei a contar com uma experiência interessante na FIAT Automóveis, a qual não dei sequência, porque na época não queria ser transferido para fora de São Paulo. Portanto, desde 1997, dedico-me com afinco como executivo da General Motors. O curioso nesse caso é que a empresa resolveu me alocar em Salvador capital baiana, após dois anos baseado em São Caetano do Sul, cidade do grande ABCD paulista.
Explicaram-me que seria uma oportunidade de crescer, amadurecer, mas eu detinha uma visão distorcida sobre a capital baiana – faltava a mente aberta. E nem sequer era casado. Enfim, finalmente entendi que a empresa estava apostando em mim e, desta forma, aceitei o risco, marcando como uma magnífica experiência. As vivências no término da jornada recompensaram demais e assimilei inúmeros aprendizados.
Posteriormente, surgiu a oportunidade de ir para Brasília, capital federal; aceitei de imediato. Conforme fui me adaptando aos conceitos de movimentação para outras regiões, ponderei como pretendia ser um funcionário internacional, mesmo sem saber com o que me depararia.
Assim, em 2003, assumi uma posição no México, algo bastante desafiador, porque ainda não dominava o espanhol. Logo assimilei a noção de que, se a organização oferece uma oportunidade, devo aceitar, sempre disposto a pedir ajuda para me adequar às novas funções e em lidar com as adversidades.
Com esta posição mais relevante, a empresa decidiu investir ainda mais em mim, e pagou o meu curso de espanhol, algo essencial para me tornar fluente. Desta forma, os processos seguiram muito bem e ainda adquiri outros conhecimentos preciosos.
Gosto de mencionar como todos os anos o Bill Gates publica uma lista recomendando livros. Certa vez, me deparei com o Meus Anos com a General Motors, de Alfred P. Sloan Jr., primeiro CEO e criador da General Motors como ela é conhecida hoje. E o Alfred P. Sloan Jr. também nomeia a faculdade de MBA do MIT (Massachusetts Institute of Technology).
O livro apresenta diversos valores que assimilei para edificar a minha trajetória de sucesso, especialmente, de como saber escutar, dar o melhor, pensar na equipe. Sem dúvida, ajuda a formar uma base muito boa para quem está iniciando a carreira. Até hoje, é um material prestigiado, utilizado no MIT como referência, pois o autor é por muitos considerado o fundador business management contemporâneo.
A escuta ativa e o interesse genuíno pelas pessoas geram integrações preciosas
Ao abordar a questão da integração cultural, enfatizo como requer estar disposto a compreender o outro, a demonstrar o interesse genuíno. A grande competência atualmente, mesmo na era do mundo digital e redes sociais, é saber escutar.
É importante estar preparado quando se está em um país estranho, sem conhecer o mercado, o consumidor, os hábitos locais. Tudo demanda se conectar com os cenários distintos para desempenhar com esmero as missões às quais o profissional foi incumbido.
Tais aspectos fazem parte de aprender com outras pessoas, com a escuta ativa, genuína, demonstrando empatia, interesse e respeito. Caso contrário, jamais terá sucesso, porque a pessoa não conseguirá formar laços na sociedade ou mesmo dentro da organização.
Ao atuar me aplicando com esses conceitos, consigo me desenvolver melhor. É o que tem me ajudado, com vivências no México, nos Emirados Árabes, na Coreia do Sul e agora na China – onde me encontro desde 2021, como vice-presidente. Tudo demanda praticar a escuta ativa, demonstrando respeito e interesse por todos os envolvidos.
O líder deve atuar com humildade, respeito, empatia e gratidão
Para quem está à frente dos processos, o principal ponto é demonstrar humildade, ciente de que não sabe tudo. Especialmente quando se está expatriado, este é um valor que se agrega naturalmente, pois os as relações interpessoais tornam-se mais fáceis ao agir respeitosamente.
Além disso, exige ajudar os outros, o máximo possível, independentemente do nível hierárquico. Enfim, sem ajuda da equipe, é impossível realizar qualquer ação – o trabalho colaborativo é benéfico em todos os aspectos, pois agrega valor aos indivíduos e às organizações.
Reitero sobre a relevância de mostrar a gratidão pelas oportunidades recebidas, assim como é imprescindível focar em trabalhar duro, buscando ser melhor hoje do que se foi ontem, amparado pela disciplina e concentração.
O meu caso é um exemplo de como explicar essa linha de raciocínio, haja vista como sem me empenhar, não há razão para estar longe do meu país, da minha família. Falo sobre isso com a minha esposa, Milena Escosa Delalibera, de estarmos em outro local com os nossos filhos, Mariana Delalibera De Toledo e Rafael Delalibera De Toledo – da importância, do valor de nos encontrarmos inseridos em outra cultura.
Ao ser expatriado, tudo ganha contornos maiores e dimensões mais críticas. Na primeira vez, o grande desafio é lidar com o medo, de saber se terá sucesso na missão à qual se foi encarregado. E isso exige deixar a zona de conforto, inclusive, para se comunicar em outro idioma, inserido com uma cultura distinta.
Pontos de vista distintos são essenciais em prol do desenvolvimento
Ao abordar o tema do engajamento, sempre costumo dizer antes de uma reunião sobre os propósitos. Saliento como todos precisam contar com um ponto de vista – é uma questão de direito apresentar o ponto de vista, desde que baseado em dados, experiências, conhecimentos, e não no “achismo”.
Sem o ponto de vista, opinião formada, a pessoa só concordará, sem argumentar, ocasionando em uma lacuna. Definitivamente, os indivíduos devem ser capazes de contribuir, participar, de debater as ideias.
A partir do momento em que se alcança o consenso, o grupo precisa executar o combinado entre as partes. E para se alcançar a boa execução, requer prover a autonomia para a equipe executar, demonstrando ser um líder disponível e disposto para ajudar no que for preciso.
A entrega passa pela autonomia do time, trata-se de um processo inegociável no ambiente de trabalho, e que demanda confiar nas pessoas, porque elas sempre buscarão realizar um bom trabalho. Todos são capazes de entregar o melhor, constantemente.
Evite procrastinar e realize autoanálises constantemente em busca do sucesso
O mundo corporativo é repleto de armadilhas. Conforme relatei, eu me deparei com uma das principais delas, a de focar ou me preocupar demasiadamente com ações fora de meu controle. Outro aspecto remete ao fato de conseguir administrar a própria frustração, pois, eventualmente, a jornada apresentará obstáculos, dificuldades, assim como ocorrerão falhas – tudo integra a sedimentação da carreira.
Além disso, assevero como procrastinar é extremamente perigoso em termos de desenvolvimento pessoal, podendo, inclusive, impactar diretamente na empresa. É muito complicado quando realizamos uma autoanálise e a conclusão é a de que não demos o melhor possível em determinado dia. Contudo, por meio do autoconhecimento, torna-se viável superar tais barreiras.
Por fim, o ato de reclamar das outras pessoas, instituições, do alto nível em relação às complexidades dos processos compõem um enorme erro – nada é perfeito. Ressalto como isso é válido para a vida cotidiana, haja vista como nenhuma família vive o tempo todo em total harmonia.
A empresa reflete um extrato da sociedade, exatamente por ser uma entidade imperfeita, que requer o olhar atento. Ou seja, essas questões intrínsecas dificultam a atingir o que se gostaria ou é necessário caso sejam negligenciadas.
Pensar somente no “eu” é um enorme equívoco – ninguém faz nada sozinho!
Considero extremamente importante compreender o conceito: jamais é sobre nós, mas sim como cada pessoa contribuirá em quaisquer aspectos. Algo que envolve o desenvolvimento dos indivíduos, porque facilitará o trabalho, a interação com os outros.
Este foi o melhor conselho que recebi ao longo da trajetória, pois, no ambiente corporativo, uma grande armadilha é pensar no “eu”, sem contemplar o todo. E preciso pensar em toda a organização, nesse ecossistema, em como contribuir para que as pessoas se aprimorem perenemente. Retomo a pauta de que é impossível realizar tudo sozinho – sempre dependerá de contar com ajuda.
Hoje, como líder de uma grande multinacional, analiso se as pessoas estão desempenhando o seu máximo, a partir de suas respectivas capacidades. A maior parte do tempo do meu escopo como gestor é sobre isso. Partindo do princípio de que conto com as pessoas corretas, alocadas nas posições propícias, engloba grande parte do meu trabalho.
O profissional, em qualquer segmento, tem de ser resiliente, não pode desistir nunca. A vida e o trabalho são difíceis, geradores de aprendizados em todos os âmbitos. O hoje pode ter sido ruim, mas basta se motivar para buscar dias melhores – caiu, levante-se, está com dificuldades, peça ajuda. Portanto, agir com humildade e respeito; gratidão e solicitude são princípios inegociáveis.
Motive-se com paz de espírito e disposição: a vida acontece hoje
Ao abordar a motivação, tenho uma visão espiritual sobre o tema. Ao acordar pela manhã, considero se tratar de uma dádiva, assim como o retorno para casa é um milagre. Enfim, a vida acontece hoje, o ontem é uma história, e o amanhã é um mistério. A vida acontece no agora.
Sempre me recordo de focar em que posso realizar no presente, com as minhas motivações pessoais, ao lado da minha família. Existe o sacrifício, pois estamos sozinhos no exterior. Mas precisa se jogar de cabeça, ciente de que passamos por altos e baixos frequentemente. Acreditar que sempre é viável dar a volta por cima é fundamental, tendo em vista estar disposto a alcançar os objetivos pré-estabelecidos.
A melhor forma de deter a paz de espírito é encontrar o propósito no seu trabalho, pois, caso esteja infeliz neste campo da vida, nada prosperará – será somente um fardo, de permanecer contrariado. Contamos com o controle sobre como encaramos os desafios, ou seja, de focar em que se é possível de realizar, amparado por garra e dedicação.
O próprio ato de tentar já provém enorme paz de espírito; é algo importante de ser respeitado. Caso contrário, o líder jamais conseguirá ser um exemplo, haja vista como ele precisa se pautar por meio de valores sólidos, tendo em vista transmitir confiança aos times e colaboradores.
Seja grato pelas oportunidades e persevere com resiliência
Gosto de contar com a plena convicção de que todos têm o potencial, são inteligentes, brilhantes, com um grande futuro pela frente. Mas é crucial iniciar a jornada ciente de que ninguém sabe sobre tudo, independentemente da idade, nível social ou gênero. Enfim, é imprescindível demonstrar respeito pelo próximo, com humildade, ajudando, mesmo sem que seja solicitado.
Outro ponto é o de sempre ser grato pelas oportunidades que são ofertadas, sejam elas grandes, pequenas, de acordo com as suas ambições, expectativas, capacidades. Toda experiência é válida para amealhar novos conhecimentos.
Por fim, trabalhe duro, seja resiliente, sem jamais desistir das empreitadas que se apresentam pelo caminho. Eventualmente, em momentos de dificuldades, procure ajuda com alguém, um amigo, coach ou parente, porque a chance de que tudo dará certo sempre será sempre maior.