O Instituto Ethos realizou nesta quarta-feira (3/12) o encontro “Balanço COP30 – Além do Clima”, reunião transversal dos Grupos de Trabalho do instituto, com o objetivo de refletir sobre a participação do setor empresarial na 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém, e discutir os próximos passos no caminho da integridade socioambiental e da transição justa. A reunião foi mediada por Marcela Greggo, gestora de projetos do Instituto Ethos.
Durante o encontro, foi destacada a contribuição levada pelo Ethos à COP30 por meio do documento “Impacta COP30: Além do Clima – Posicionamento e propostas do Instituto Ethos para uma atuação empresarial transversal em clima, direitos humanos, integridade e sustentabilidade”, apresentado oficialmente na Conferência. O material reúne diretrizes e recomendações para que empresas ampliem sua atuação climática e socioambiental de forma integrada.
O diretor-presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, ressaltou que o momento pós-COP é decisivo para transformar compromissos em práticas empresariais concretas. “Não basta reduzir o debate à emissão de carbono. Precisamos construir transversalidade, conectando clima, direitos humanos e integridade, para que a transição justa seja uma realidade”, afirmou. “A crise climática é ambiental, mas também moral, política e financeira. Ela revela a dificuldade de financiar políticas públicas de bem-estar, de assegurar o respeito e a garantia dos direitos humanos, sobretudo diante dos impactos que recaem sobre as populações mais vulneráveis.”
Álvaro Almeida, diretor da GlobeScan para Brasil e América Latina, apresentou os resultados da Pesquisa Ethos Impacta COP30, divulgada durante a programação da Conferência em Belém, que mostrou avanços ainda tímidos das empresas brasileiras em temas como transição justa e monitoramento de impactos sociais. “A pesquisa aponta que há espaço para maior engajamento setor”, avaliou.
O enviado especial da COP30 para sindicatos, Clemente Ganz Lúcio, analisou o tema sob a ótica do trabalho. “A transição justa precisa considerar as forças produtivas e o mundo do trabalho. Não podemos falar em sustentabilidade sem garantir que trabalhadores e comunidades sejam parte ativa desse processo”, defendeu. Ele entende que a transição para uma economia verde oportuniza ao Brasil transformar o desafio climático em oportunidade de desenvolvimento sustentável.
Larissa Machado, analista de ESG do Serviço Social do Transporte/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat), afirmou que após dez anos de negociações intensas sobre o Acordo de Paris, está na hora de iniciar o período de implementação, e destacou o papel das empresas. “O setor privado deve ser ponte, inserindo o tema da mitigação e adaptação de forma acessível no cotidiano das pessoas e consolidando instrumentos que viabilizem a transição para uma economia de baixo carbono”, opinou.
Em consonância com Larissa, a conselheira do Instituto Ethos Tarcila Ursini enfatizou o engajamento das empresas na COP30. “É hora de liderar e inovar, construindo uma nova era econômica com articulação entre políticas públicas e participação empresarial com responsabilidade e visão de futuro”, enfatizou, destacando que “a economia real acontece no setor privado”.
Geraldo Aleandro, gerente sênior de sustentabilidade da Natura, entende que esta foi “a COP dos deslocamentos”, seja de responsabilidades, de reconhecimento e de novas agendas, destacando que no âmbito mundial a conferência se deslocou do Norte para o Sul Global, que assumiu o protagonismo, e no Brasil, houve o deslocamento do Sul para o Norte, jogando luz para a Floresta Amazônica. “A adaptação precisa estar no topo da pauta, junto com soluções brasileiras e novos arranjos financeiros sustentáveis”, afirmou.
Concluindo o encontro, Caio Magri reforçou a necessidade de continuidade. “O desafio não termina em Belém. Precisamos manter a mobilização em 2026 para que o setor empresarial siga como protagonista na construção de soluções climáticas e socioambientais.” Com efeito, o Instituto Ethos anunciou para o ano que vem o Festival +DH 2026, previsto para acontecer em junho na capital paraense, com expectativa de reunir 2 mil pessoas, que abordará as violações de direitos humanos e o enfrentamento às desigualdades.
