Há motivos para celebrar a conquista de espaço da liderança feminina, mas o caminho para a equidade de gênero nas empresas ainda é longo. Conforme o Panorama Mulheres 2023, estudo do Talenses Group em parceria com o Insper, a presença de mulheres em cargos de presidência ou diretoria executiva no Brasil aumentou de 13% para 17% entre 2019 e 2022.
Mas, se houve avanços quantitativos, não é possível dizer o mesmo em relação a mudanças culturais. De acordo com a empresa de pesquisa de mercado Ipsos, três a cada 10 pessoas (homens e mulheres) no Brasil ainda não se sentem confortáveis em ter uma mulher como chefe.
Para a psicóloga Patricia Ansarah, CEO do Instituto Internacional em Segurança Psicológica (IISP), a mudança cultural é determinante para abrir espaço no topo das organizações. “Construímos um modelo de trabalho numa sociedade patriarcal e os reflexos disso estão nos baixos números de posições de liderança ocupados por mulheres e na valorização de qualidades masculinas para o alcance de resultados.”
Para a CEO, é preciso dar espaço para outras formas de pensamento e isso só será possível permitindo a colaboração das pessoas de origens e formações diversas. Que, por sua vez, só vão se manifestar quando se sentirem confiantes e protegidas de represálias. Em um ambiente onde não há empatia para ouvir ideias, é difícil surgir inovação e produtividade, elementos-chave do sucesso empresarial.
Nesse sentido, abrir espaço para as mulheres e outros grupos é uma decisão estratégica para o negócio. Para ela, enquanto as pessoas e líderes se colocarem em posições de detentores do conhecimento e preferirem trabalhar somente com determinados grupos por afinidade e semelhança, não haverá espaço para que outras pessoas tragam perspectivas diferentes. “Se não houver inclusão intencional das mulheres nos processos criativo, decisório ou em projetos, dificilmente haverá espaço para a diversidade. Sem ela, não existirá colaboração e portanto, segurança psicológica”, finaliza Patrícia.