As ações da MBRF (MBRF3) registraram um forte segundo dia de ganhos nesta terça-feira (28), com os papéis da companhia chegando a disparar mais de 20% e dando continuidade ao rali iniciado após o anúncio da criação da Sadia Halal. Por volta das 13h (horário de Brasília), os ativos da MBRF, fruto da fusão entre Marfrig e BRF, subiam 19%, negociados a R$ 19,04.
A euforia do mercado é motivada pelo acordo anunciado na véspera (27): a MBRF fechou uma parceria para expandir a joint venture (JV) BRF Arabia com a Halal Products Development Company (HPDC), controlada pelo fundo soberano da Arábia Saudita, o Public Investment Fund (PIF). A nova entidade será chamada Sadia Halal.
A operação foi avaliada em US$ 2,07 bilhões, incluindo fábricas, distribuidoras e negócios de exportação. A MBRF espera que os ativos contribuídos gerem US$ 2,1 bilhões em receita e US$ 230 milhões em Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2025.
O negócio foi avaliado em cerca de 9 vezes o valor de mercado sobre o Ebitda (EV/Ebitda), o que representa um múltiplo 60% acima do valor atual da própria MBRF. Além disso, a transação prevê o aumento da participação da MBRF na JV para 90%, com a possibilidade de um IPO da BRF Arabia (Sadia Halal) na Bolsa de Valores Saudita em 2027.
Ágora Investimentos/Bradesco BBI e XP destacaram o potencial de geração de valor, o fortalecimento da presença da MBRF na região do Oriente Médio (MENA) e o avanço no mandato de aumentar a participação de produtos processados no mix de receita. O Goldman Sachs vê a Sadia Halal como um suporte importante para a MBRF em meio aos ciclos voláteis do mercado de frango.
O BTG Pactual e o Safra chamaram a atenção para o valuation elevado da operação (9x EV/Ebitda), que representa um prêmio de 60% em relação à MBRF3. O Safra ainda ressaltou que a intenção de listar a Sadia Halal na Bolsa Saudita – onde concorrentes locais são negociados em múltiplos altos – pode gerar valor adicional para a ação.
