A Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa fabricante dos sucessos Wegovy e Ozempic, demitiu dezenas de funcionários em sua principal unidade de fabricação nos Estados Unidos. O corte de pessoal, focado na produção de seus medicamentos contra obesidade e diabetes, é um sinal de ajustes em meio a uma grande reestruturação global comandada pelo novo CEO, Mike Doustdar.
As demissões ocorreram principalmente na planta de Clayton, na Carolina do Norte, e outras unidades no estado, conforme análise da agência Reuters em postagens e perfis no LinkedIn.
Os cortes atingiram funções produtivas e de apoio, incluindo: Controle de qualidade; Técnicos de linha de produção; Coordenadores de produção; Gerente de comunicação estratégica e assistente de RH.
Embora representem uma pequena fração dos 9 mil cortes de empregos planejados globalmente, as demissões são notáveis por atingirem a linha de frente da produção em seu principal mercado para o Wegovy. A estratégia da Novo Nordisk visa aumentar o foco, reduzir custos e tentar recuperar o espaço perdido na acirrada competição com a rival Eli Lilly.
Os cortes na Carolina do Norte ocorrem em um momento delicado, após demissões anteriores focadas na equipe de educação sobre obesidade e em meio à pressão do governo do presidente Donald Trump para que as farmacêuticas expandam a produção e gerem mais empregos domésticos nos EUA.
A Novo Nordisk tornou-se a empresa de capital aberto mais valiosa da Europa no ano passado, impulsionada pela demanda sem precedentes por seus medicamentos para perda de peso. No entanto, uma queda acentuada no preço das ações, devido à desaceleração no crescimento das vendas, forçou a empresa a buscar uma reversão através de cortes de custos e da redução do quadro de funcionários, que foi inflado durante o boom do Wegovy.
A unidade de Clayton é crucial para a empresa, pois produz a semaglutida — o ingrediente ativo do Wegovy e do Ozempic — e realiza etapas essenciais como envase, acabamento e embalagem das injeções. A planta também será fundamental para a produção da futura versão em comprimido do Wegovy.
Apesar dos cortes, o CEO Mike Doustdar destacou recentemente a expansão de US$ 4,1 bilhões em andamento na unidade da Carolina do Norte, que empregava cerca de 2.500 pessoas em 2024 e deveria adicionar mais 1.000 funcionários.
Um porta-voz da Novo Nordisk se recusou a dar detalhes específicos sobre as demissões em Clayton, limitando-se a reiterar o anúncio dos cortes globais: “Esse processo leva tempo, e nossa maior prioridade é apoiar nossos colaboradores”. No anúncio inicial, a empresa informou que cerca de 5 mil empregos seriam cortados na Dinamarca, seu país-sede.