Nvidia encomenda 300.000 chips H20 da TSMC 

A Nvidia, gigante da tecnologia e líder em processadores gráficos, fez um pedido de 300 mil chipsets H20 à fabricante contratada TSMC na semana passada. A decisão marca uma reviravolta na estratégia da empresa, impulsionada pela forte demanda chinesa que a levou a reconsiderar sua dependência de estoque existente.

A ação ocorre após o governo Trump ter permitido, neste mês, que a Nvidia retomasse as vendas de suas unidades de processamento gráfico (GPUs) H20 para a China. Essa medida reverteu uma proibição imposta em abril, que visava impedir que chips avançados de inteligência artificial chegassem às mãos chinesas por questões de segurança nacional. O H20 foi desenvolvido especificamente para o mercado chinês, com menor poder de computação em comparação com os modelos H100 ou a nova série Blackwell da Nvidia, vendidos fora da China.

Os novos pedidos à TSMC de Taiwan devem aumentar o estoque existente de 600 mil a 700 mil chips H20, segundo fontes próximas à situação. Para efeito de comparação, a Nvidia vendeu cerca de 1 milhão de chips H20 em 2024, de acordo com a empresa de pesquisa americana SemiAnalysis.

Anteriormente, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, havia declarado durante uma viagem a Pequim que a retomada da produção dependeria do volume de pedidos do H20, ressaltando que qualquer reinício da cadeia de suprimentos levaria nove meses. Após a viagem de Huang, a Nvidia havia sinalizado a clientes que tinha estoques limitados do H20 e não planejava reiniciar a produção de wafers para a GPU.

Para enviar os chips H20, a Nvidia precisa obter licenças de exportação do governo dos EUA. Em meados de julho, a empresa afirmou ter recebido garantias de que as licenças seriam concedidas em breve. No entanto, uma das fontes e uma terceira fonte indicam que o Departamento de Comércio dos EUA ainda não aprovou essas licenças.

Procuradas para comentar, a Nvidia e a TSMC não se manifestaram sobre os novos pedidos ou o status das licenças. O Departamento de Comércio dos EUA também não respondeu imediatamente.

A Nvidia solicitou que empresas chinesas interessadas em adquirir os chips H20 enviassem nova documentação, incluindo previsões de volume de pedidos. A retomada das vendas do H20, conforme o governo Trump, faz parte das negociações com a China sobre ímãs de terras raras, elementos cruciais para diversas indústrias, cujas exportações Pequim havia limitado devido ao aumento das tensões comerciais.

A decisão de permitir a venda do H20 atraiu condenação bipartidária de legisladores dos EUA, que temem que o acesso chinês ao chip possa minar os esforços americanos para manter sua liderança em tecnologia de IA.

Por outro lado, a Nvidia e outras empresas argumentam que é crucial manter o interesse chinês em seus chips, que operam com as ferramentas de software da Nvidia. O objetivo é evitar que os desenvolvedores chineses migrem completamente para ofertas de rivais como a Huawei.

Antes da proibição de abril, gigantes da tecnologia chinesa como Tencent , ByteDance e Alibaba já haviam aumentado substancialmente os pedidos de H20, utilizando-os em modelos de IA. A popularidade dos produtos Nvidia na China, mesmo com o surgimento de ofertas rivais (ainda que menos potentes) da Huawei, foi evidenciada por um aumento na demanda por reparos de outras GPUs proibidas, muitas delas contrabandeadas para o país.

Após a proibição das vendas do H20 em abril, a Nvidia havia alertado que teria que dar baixa de US$ 5,5 bilhões em estoques, e Huang havia estimado uma perda potencial de US$ 15 bilhões em vendas.

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