A Comissão Europeia anunciou, nesta segunda-feira, a aprovação incondicional da aquisição do Interpublic Group (IPG) pelo Grupo Omnicom. A transação, avaliada em US$ 13,25 bilhões e estruturada inteiramente em ações, recebeu o sinal verde do órgão regulador sem a exigência de contrapartidas ou venda de ativos, superando um dos últimos obstáculos regulatórios para a conclusão do negócio.
Anunciado originalmente em dezembro passado, o acordo promove a união entre duas das maiores potências do setor publicitário global: a Omnicom, atualmente a terceira maior compradora de anúncios do mundo, e a Interpublic, que ocupa a quarta posição. Com a fusão, a nova entidade combinada se tornará a maior agência de publicidade do planeta, ultrapassando concorrentes históricos em receita e valor de mercado.
O movimento estratégico é uma resposta direta às transformações profundas no mercado de comunicação. As holdings tradicionais de publicidade buscam ganhar escala e musculatura tecnológica para competir de forma mais eficaz com as grandes plataformas de tecnologia — as “Big Techs” — que dominam a verba digital. Além disso, a consolidação visa acelerar a integração de ferramentas de inteligência artificial nas operações, otimizando a compra de mídia e a criação de conteúdo em escala global.
A fusão entre Omnicom e Interpublic (IPG) terá repercussões profundas no mercado brasileiro, historicamente um dos mais importantes e criativos para ambas as holdings. Do lado do Omnicom Group, a operação traz para a nova estrutura agências que são sinônimo de criatividade no país. O destaque principal é a AlmapBBDO, consistentemente eleita uma das agências mais eficazes e criativas do mundo. O portfólio do Omnicom no Brasil inclui também a DM9 (antiga DDB), que passou por uma reestruturação recente para retomar seu protagonismo, e a Lew’Lara\TBWA, outra marca de grande relevância no setor. Além das agências de publicidade, o grupo controla operações de mídia importantes através do Omnicom Media Group.
Pelo lado do Interpublic Group (IPG), a fusão incorpora operações marcadas pela robustez de negócios e grandes contas de varejo e serviços. A principal bandeira é a WMcCann, uma das maiores agências do país em volume de compra de mídia e responsável por contas massivas. O grupo também é dono da FCB Brasil, que vive uma fase de grande prestígio criativo e de negócios, e da MullenLowe Brasil. O IPG também possui uma forte atuação em dados e mídia através da IPG Mediabrands.
Vale fazer uma observação importante sobre a agência Africa Creative: embora tenha sido parte do grupo Omnicom por muitos anos (dentro da rede DDB), a agência voltou a ser independente em 2023, quando seus fundadores recompraram a participação acionária da holding. Portanto, a Africa não entra nessa fusão, operando hoje de forma autônoma, diferentemente das marcas citadas acima que são controladas pelas matrizes globais.
