Considerado como um dos poluentes mais nocivos ao planeta, o chorume é um líquido escuro de cheiro forte e desagradável, um subproduto viscoso da decomposição da matéria orgânica. Podendo causar uma grave poluição ambiental, pois ele possui a Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) — um dos parâmetros mais utilizados para a medida do consumo de oxigênio na água e indicador de poluição — que pode variar de 3.000 mg/L até 20.000 mg/L, maior que a do esgoto, sendo o maior poluidor quando o lixo é deixado ao ar livre, contaminado o solo e a água, incluindo rios e lençóis freáticos próximos.
Segundo Edson Basilio, Gerente de Aplicações e Desenvolvimento da Air Products, empresa global líder em soluções de gases industriais, “o chorume pode afetar toda uma cadeia alimentar devido à liberação de metano, nitrogênio e dióxido de carbono no solo, na água e no ar. Mas hoje há métodos sustentáveis para tratá-lo, imprescindíveis em diversos setores da indústria”.
Os setores mais afetados pelo problema do chorume são as indústrias de curtumes e de celulose, além dos setores químico e alimentício. Essas indústrias têm demonstrado grande interesse no tratamento deste poluente.
Para isso, as empresas têm realizado diversos tipos de tratamentos para este problema, como o tratamento biológico, que ocorre na presença de microrganismos aeróbios e oxigênio, que se alimentam dos compostos orgânicos, transformando a matéria orgânica decomposta em material que pode ser aproveitado na agricultura. Outras formas de tratamentos são o tratamento por oxidação, que corresponde aos processos de queima e evaporação do chorume e o tratamento físico-químico, com a adição de insumos químicos no chorume.
Além desses, existem métodos alternativos de tratamento, como a separação por membranas, a destilação por membrana, os processos avançados de oxidação, o uso de carvão ativado, eletrodiálise e a eletrocoagulação.
De acordo com Basílio, o principal desafio para o tratamento é a alta concentração de nitrogênio amoniacal. “Ele é uma forma de nitrogênio que é altamente tóxica para o meio ambiente e pode causar a morte de peixes e outros organismos aquáticos”, diz.
Isso porque no chorume bruto a concentração de nitrogênio amoniacal é de cerca de 2.000 mg/l, que precisa ser reduzida a uma quantidade entre 5 e 20 mg/l. É uma eficiência de remoção mínima de 99%, que só pode ser alcançada em um processo com alto teor de oxigênio e com o uso correto dos parâmetros do processo.
Uso do oxigênio para um tratamento eficaz
A chave para o tratamento eficaz do chorume está no uso adequado do oxigênio. Isso porque no caso do chorume, a demanda de oxigênio é particularmente alta devido à sua composição rica em matéria orgânica. “O tratamento do Chorume requer de 3 a 4 vezes mais concentração de oxigênio por litro comparado a outros sistemas de tratamento com produtos convencionais”, diz. Isso significa que é necessário fornecer uma quantidade suficiente de oxigênio para garantir a eficácia do processo de tratamento.
Conforme Basílio, há três etapas envolvidas no processo de tratamento do chorume. A primeira delas ocorre em um tanque anóxido, ou seja, sem a presença de oxigênio. Em seguida, ocorre a transferência para o tanque aeróbico, no qual é adicionado o oxigênio em níveis elevados que servirá de energia para os microorganismos que estão no lodo e irão consumir os compostos orgânicos. A última etapa consiste na separação em um decantador, onde o lodo biológico irá sedimentar e retornará para o processo, enquanto a água, sem risco de toxicidade, pode seguir para os processos de polimento ou para os corpos receptores.
Além disso, o controle preciso dos níveis de oxigênio é essencial para garantir a eficácia do tratamento. Se houver oxigênio insuficiente, os microrganismos não poderão decompor completamente a matéria orgânica, resultando em um tratamento ineficaz. Por outro lado, o excesso de oxigênio pode levar a custos operacionais desnecessários e pode até ser prejudicial para alguns tipos de microrganismos. Portanto, é importante garantir um equilíbrio para que haja oxigênio suficiente para os microrganismos, mas sem desperdiçar recursos ou prejudicar o tratamento.
“Para a melhor eficácia do tratamento, na Air Products, oferecemos a solução Halia Oxysap, um equipamento de alta eficiência para a dissolução de oxigênio, ideal para processos de lodos ativados e outros processos biológicos. Com o Oxysap, é possível aumentar significativamente a capacidade de tratamento de sistemas biológicos, nas lagoas de aeração e lodos ativados. Isso pode ser alcançado através da conversão total da planta para oxigênio ou por uma conversão parcial, apenas para complementar o déficit de oxigênio do sistema, criando assim um sistema híbrido de dissolução de oxigênio”.
Além disso, o sistema da empresa não gera espumas e aerossóis, contribuindo para um ambiente de trabalho mais limpo e seguro. “O Oxysap também permite um controle total do nível de oxigênio dissolvido (OD), com extrema facilidade em obter um OD maior que 2 mg/l, inclusive para processos de nitrificação. Além disso, a vazão de oxigênio pode ser facilmente ajustada, podendo ser regulada conforme anecessidade do processo. Isso proporciona uma grande flexibilidade para os operadores e garante que o sistema esteja sempre operando nas condições ideais”, aponta.
Além de aumentar a eficiência do tratamento, o uso do oxigênio também tem outras vantagens como a redução do consumo de eletricidade. “O uso de equipamentos de dissolução de oxigênio puro de alta qualidade ajuda a reduzir significativamente o consumo de energia elétrica e aumenta a capacidade das estações de tratamento, sem a necessidade de interrompê-lo um dia sequer”, finaliza Edson Basilio.