Pela primeira vez em décadas quatro diferentes gerações, os boomers, a geração X, os millenials e a geração Z, estão convivendo juntos em ambientes de trabalho. Apesar da multigeração ser algo positivo, de acordo com especialistas, algumas dificuldades estão sendo encontradas por diversos líderes de equipes. Segundo um levantamento, recente, realizado pela empresa de educação corporativa SPUTNIK, apesar da alta procura de diversidade na formação de equipe em diversas empresas, 8 em cada 10 líderes encontram dificuldades em comandar colaboradores multigeracionais. Para especialista em carreira Patricia Y. Agopian, liderar uma equipe multigeracional requer flexibilidade para se adequar aos diferentes perfis de profissionais. “Quando um time tem pessoas de várias idades, o líder precisa levar em conta as experiências de vida, valores e habilidades entre as gerações”.
A especialista diz que que cada geração pode ter maneiras diversas de se comunicar e a liderança precisará prestar atenção nisso para que o time se torne coeso. “Uma equipe com profissionais de várias gerações requer muitas habilidades, pois o gestor precisa criar ambientes de trabalhos inclusivos, oferecer oportunidades de desenvolvimento que atendam às diferentes necessidades e aspirações das gerações. A inteligência emocional corporativa precisar ser trabalhada para que o líder possa “ler” as pessoas do seu time, entender os gatilhos de cada um e saber o que gera a satisfação profissional de cana um”, explica Patricia, que é fundadora da Bússola Executiva, escola digital para aceleração de carreira.
Entre os principais fatores para a dificuldade encontrada por gestores millenials, boomers e parte da geração X, está o conceito que vem ganhando força ao longo dos últimos anos: o quiet quitting. Um relatório feito pela Gallup, entrevistando mais de 120 mil trabalhadores em todo mundo, concluiu que 59% dos funcionários adotaram o movimento em 2023. Patricia explica que o quiet quitting é o termo usado para a diminuição do engajamento e da produtividade dos colaboradores, por conta da necessidade de ter um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, sem que deixe de lado seus momentos com a família e amigos.
A preocupação com a saúde mental também é um dos principais fatores para Geração Z se destoar de seus líderes no ambiente de trabalho. Onde o modo workaholic é visto como algo fora de cogitação pelos mais jovens e sinônimo de competência e comprometimento entre os mais velhos. O debate em torno do Burnout, a importância da vida pessoal e a onda de fazer somente o que foi descrito contratualmente vem crescendo. A nova geração não está disposta em abrir mão de sua vida pessoal, já que há formas de entregar resultados positivos sem perder seus momentos fora do ambiente de trabalho.
“A pandemia da Covid-19 foi um momento em que a maioria das pessoas aprendeu o valor de olhar para sua vida pessoal, de estar ao lado de quem ama, de ter o seu tempo respeitado, principalmente entre os mais jovens. Não quer dizer que devemos viver em extremos, em que se trabalha muito ou não trabalha nada, é entender que novas gerações surgem para trazer transformações”, pontua Agopian.
A dificuldade de criar laços mais profundos com os funcionários de diferentes idades é uma das maiores preocupações de 25% dos líderes que participaram da pesquisa, já que, a falta de conexão entre os membros da equipe pode levar à percepção de uma falta de engajamento entre seus funcionários. “Quando líderes afirmam que o problema está na nova geração, eles jogam a culpa no colo do outro. A questão é: quais ações esses chefes estão fazendo para que seus funcionários os escutem? Uma boa comunicação está sendo feita? Você está escutando sua equipe? Uma boa conversa gera troca de conexões. Quando gestores se dispõem a entender como outras pessoas agem por conta de suas crenças, eles conseguem conduzi-las de uma forma muito melhor”, a especialista em carreira afirma.
A pesquisa realizada pela SPUTNiK também aponta os fatores que toma mais tempo dos líderes e dos seus times, entre eles estão: a gestão de aspectos emocionais (44,4%), estratégia do negócio (construção, execução, etc.) (53,0%), e por fim, com a porcentagem mais alta, a coordenação de demandas e processos (66,8%).
“Quando acontece o distanciamento entre gerações dentro de uma empresa, resultados são diminuídos, boas ideias podem ser deixadas de lado por não haver uma abertura para diferentes visões. É como pegar toda a experiência de um funcionário que pode somar com suas percepções e jogar no lixo”, ressalta a CEO da Bússola Executiva.
Em relação à ações que empresas podem implementar para evitar ou reverter a dificuldade que lideranças apresentam ao trabalhar com suas equipes, Patrícia recomenda ajudar gestores a encontrar novos mecanismos de melhorar sua comunicação com os funcionários de diferentes gerações e abrir seus espaço para ouvir as visões desses colaboradores, deixando que eles expliquem suas crenças e seus valores. “Líderes precisam aprimorar sua troca com seus funcionários, abrir as portas para ideias inovadoras”.