A Rede D’Or São Luiz (RDOR3) movimentou o mercado na última sexta-feira (12) ao anunciar a aprovação do pagamento de dividendos intermediários, dividendos intercalares e Juros sobre Capital Próprio (JCP) que, somados, atingem a cifra aproximada de R$ 8,12 bilhões. O montante equivale a um dividend yield (rendimento) de 7,9% e fez as ações da rede hospitalar dispararem 4,02%, negociadas a R$ 46,81 por volta das 11h10 desta segunda-feira.
A decisão da companhia de antecipar um pagamento de magnitude tão expressiva foi motivada, principalmente, pela intenção de mitigar riscos tributários associados à nova legislação sobre dividendos, cuja tributação poderá incidir a partir de 2026.
O valor superou as expectativas do mercado e sinaliza a elevada confiança da administração na robusta geração futura de caixa da empresa, segundo analistas.
Apesar do otimismo, o grande volume distribuído levanta questões sobre o nível de endividamento da Rede D’Or. As análises dos grandes bancos de investimento divergiram levemente sobre o impacto da distribuição na alavancagem.
O Itaú BBA foi o mais conservador em sua estimativa, projetando a relação Dívida Líquida/EBITDA em apenas 1,4 vez ao final do ano. Já o JPMorgan projeta a maior alavancagem (3,0 vezes), destacando que a menor posição de caixa pode reduzir a receita financeira e levar a uma queda de cerca de 10% nas projeções de Lucro Por Ação (EPS).
Apesar dos questionamentos do mercado sobre uma possível redução nos investimentos (Capex) devido ao pagamento, o Itaú BBA avalia que a decisão indica uma expectativa de forte geração de caixa no curto prazo, o que deve sustentar o plano de expansão.
O JPMorgan, contudo, alertou que o movimento limita o espaço da Rede D’Or para realizar aquisições relevantes (M&A) financiadas em caixa, a menos que sejam usadas trocas de ações, um formato menos comum no histórico da companhia. O banco, no entanto, reafirma que o movimento não compromete o crescimento orgânico, já que o pipeline de expansão deve se concentrar no longo prazo (após 2028).
De forma geral, a tese de investimento na Rede D’Or permanece inalterada para a maioria dos analistas, que veem o anúncio como um retorno robusto aos acionistas e uma medida fiscalmente estratégica.









