Marcadas por desafios e oscilações, as fusões e aquisições (mais conhecidas por M&A – Mergers and Acquisitions) são uma das visadas no mercado financeiro e prometem muitas novidades a partir de 2025. No Brasil, alguns setores ficarão mais em alta, enquanto outros apresentarão uma queda devido à ausência de um investimento tecnológico mais robusto.
Uma pesquisa realizada pela KPMG, referente ao 2º semestre de 2024, identificou um aumento de 17% no número de operações de fusões e aquisições no País. Além disso, foram realizadas 256 transações domésticas e 170 transações cross border, sendo 52% dessas operações realizadas em São Paulo.
A seguir, confira os setores que apresentarão baixas perspectivas para fusões e aquisições neste ano:
1) Setor imobiliário tradicional
Apesar de persistirem algumas iniciativas de consolidação, especialmente envolvendo incorporadoras e plataformas digitais de intermediação, o cenário de juros elevados e incertezas macroeconômicas tende a desaquecer partes do mercado imobiliário convencional.
“Esse ambiente menos favorável impacta o apetite por transações de grande porte, como a aquisição de extensos portfólios de imóveis ou fusões em larga escala. Nesse contexto, as empresas mais inovadoras, que apostam em modelos de negócio digitais, podem manter algum dinamismo, enquanto players tradicionais se veem diante de maior cautela por parte dos investidores”, explica Vanderlei Garcia Jr, sócio do VGJr Advogados Associados e especialista em Direito Societário.
2) Setor de Petróleo & Gás (Exploração Convencional)
Embora ainda existam investimentos no setor de óleo e gás, especialmente em campos maduros e projetos de otimização, as políticas globais de descarbonização e a busca por alternativas energéticas mais limpas reduzem o apelo da exploração convencional.
As negociações de M&A podem acontecer em nichos estratégicos, como readequação de portfólios ou consolidação de operações específicas, porém não se prevê um aumento significativo em grandes transações de upstream tradicional. “Com a crescente demanda por ESG, as empresas do ramo enfrentam pressões para investir na transição energética e na diversificação de suas fontes de receita”, acrescenta Garcia Jr.
3) Indústria automotiva convencional
A indústria automotiva convencional enfrentará desafios para fusões e aquisições no Brasil devido às mudanças quanto a tecnologia e infraestrutura. O alto custo de produção e a concorrência com montadoras estrangeiras também dificultam consolidações e, por isso, empresas precisam se reinventar para acompanhar as mudanças do mercado.
“O processo de transição para veículos elétricos ainda gera incertezas para montadoras que não adaptaram suas cadeias produtivas”, afirma Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial.
4) Varejo físico convencional
O intenso processo de digitalização do varejo exerce forte pressão sobre companhias que dependem exclusivamente de operações em lojas físicas. “Sem uma estratégia omnichannel bem estruturada, essas empresas encontram dificuldades para atrair investidores interessados em fusões ou aquisições, pois o mercado valoriza cada vez mais modelos híbridos e escaláveis no ambiente online”, explica Vanderlei.
Na mesma linha, Canutto explica que a necessidade de reestruturação financeira do setor, especialmente a partir do período da COVID-19, acaba sendo um cenário mais desfavorável. “A exemplo das múltiplas Recuperações judiciais do setor nos últimos anos, o aumento contínuo do e-commerce e a mudança nos hábitos de consumo representam um desafio para redes varejistas que dependem de lojas físicas. Margens comprimidas, custos fixos elevados e dificuldade em competir com players digitais tornam o setor menos atrativo para investidores”, acrescenta.