Em um cenário empresarial em constante evolução, a confiança se destaca como um dos pilares essenciais para o sucesso. No entanto, uma pesquisa realizada pela Universidade da Geórgia em 2022 revela uma situação preocupante: a Síndrome do Impostor abala a confiança de 75% das mulheres no mercado. Para as executivas entrevistadas, a pergunta que ecoa em suas mentes é: “será que sou uma fraude?”.
Camila Renaux, especialista em Marketing Estratégico, Marketing Digital e Inteligência Artificial, esclarece que a Síndrome do Impostor é um desafio real. “Esse termo descreve a autopercepção de falta de mérito, gerando a sensação de não possuir as habilidades ou competências necessárias para desempenhar funções, o que resulta em dúvidas sobre a própria capacidade, especialmente em situações de exposição pública. Figuras notáveis, como Michelle Obama e Meryl Streep, já compartilharam abertamente os desafios de enfrentar esse sentimento”, explica.
Empreendedorismo feminino
Com a proximidade do Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, essa questão ganha uma relevância ainda maior. Essa data celebra a presença das mulheres nos negócios, destacando suas contribuições e realizações em diversos setores. Diante de estatísticas, torna-se fundamental não apenas celebrar a competência delas, mas também traduzir essa valorização em práticas concretas. Isso instiga as mulheres a serem cada vez mais reconhecidas e a perceberem seu próprio valor.
A especialista, que já enfrentou a Síndrome do Impostor pessoalmente, destaca que, por meio de esforços conjuntos, é possível superar esse desafio e fomentar uma cultura de confiança e realização para as mulheres. “Quando iniciei a gravação de vídeos, enfrentei diversas inseguranças. Tentava me convencer de que não tinha tanto interesse nisso, encontrava motivos para procrastinar e duvidava da minha competência. Foi então que desenvolvi cinco passos que me libertaram dessa síndrome”, relata Camila. Com o intuito de auxiliar mais mulheres a alcançarem essa superação, ela compartilha seu passo a passo:
Primeiro passo: tomar a decisão de mudar! Embora possa parecer clichê, você precisa estar decidido e desejando dessa transformação, já que não há cura mágica. Manter o comprometimento e a disciplina ao longo do processo é indiscutível. Posso garantir que, em algum momento, você esquecerá que já sofreu com a autossabotagem, mas nesse estágio, é importante manter clareza sobre o motivo da sua decisão e lembrar o propósito de superar a situação.
Segundo passo: abandonei a espera pela vontade de colocar as ideias em prática e adotei a ação disciplinada. O sucesso demanda consistência e persistência, realizando tarefas mesmo quando a motivação é baixa. Este compromisso implica pagar o preço da prática diária para desenvolver disciplina e manter a autoestima elevada. Minhas aulas em vídeo são um exemplo disso. Embora desejasse gravá-las, só iniciei quando interiorizei verdadeiramente essa responsabilidade.
Terceiro passo: ao assumir compromissos com clientes, os profissionais geralmente demonstram dedicação, organização e empenho. Entretanto, quando se trata de cumprir compromissos pessoais, a autodisciplina pode vacilar. Expressões como “farei no final do dia” ou “começo amanhã” eram comuns na minha rotina, encontrando desculpas ao longo do tempo. Um ponto-chave para essa mudança é perceber que o compromisso consigo mesmo é tão, se não mais, importante do que com os clientes. Como consultora, entregava excelentes resultados a eles, mas ao priorizar minhas metas pessoais, a diferença foi significativa em ambos os lados.
Quarto passo: entenda que a Síndrome do Impostor não está ligada à falta de competência, mas sim a um efeito colateral desta. A psicologia nos fornece um exemplo interessante, o “Efeito Dunning-Kruger“, um viés cognitivo que revela que, à medida que adquirimos conhecimento e competência em uma área, a insegurança costuma aumentar. Assim, o ponto crítico para quem enfrenta a Síndrome do Impostor é durante o desenvolvimento da competência, quando, mesmo estudando e praticando, a dúvida persiste. Lembre-se de que, ao atingir um nível avançado, é comum subestimar as próprias habilidades. A chave é compreender que quanto mais se sabe, mais surgem questionamentos, sendo um efeito natural do aprimoramento. A jornada de aprendizado é contínua, e ninguém é obrigado a saber de tudo.
Quinto passo: o método de ignorar dicas e opiniões, mesmo bem-intencionadas, por um período de três semanas não é uma escolha aleatória; corresponde ao tempo estimado para adquirir uma nova habilidade. Durante esse intervalo, treine a si mesma para rejeitar essas opiniões, mantendo a constante sensação de perfeição no que está realizando. Ao ganhar confiança, essas sugestões passam a ser recebidas de maneira positiva, não sendo mais incômodas ou gerando dúvidas.