Lembra de um antigo comercial de cartão de crédito que dizia que tem coisas na vida que não tem preço? É o que, em economia, se chama de bens livres. O ar que respiramos é um exemplo clássico. Ele é essencial para a nossa sobrevivência, e, no entanto, ele é grátis, não tem preço.
Ao contrário do que muitas vezes fomos condicionados a acreditar, não existe uma relação direta entre preço e valor. O Marketing, através dos meios de comunicação, busca criar um quadro de valores que associa o sucesso ao consumo e à posse de itens de alto custo. Sem dúvida o trabalho é muito bem feito e a grande maioria sucumbe ante essa visão e busca, de maneira intensa ostentar, esses sinais exteriores de sucesso.
Num primeiro momento, podemos pensar que a moeda com a qual estamos pagando por esses produtos é o nosso dinheiro. Em realidade, excluindo os herdeiros, estamos pagando com o nosso tempo. O dinheiro é só a representação da soma de todo tempo que dedicamos para chegarmos aonde estamos mais o tempo gasto no presente dedicado às atividades atuais.
O tempo, do ponto de vista individual, é um recurso finito. O tempo individual não pode ser reproduzido, reciclado e muito menos comprado no mercado. Se isso fosse possível, Elon Musk seria praticamente imortal. Poderia comprar todo tempo que desejasse. O tempo é o recurso mais valioso que temos!
Interessante é que, mesmo sabendo que o nosso estoque de tempo é finito e não sabendo o seu tamanho, insistimos em não querer reconhecer essa realidade e, em geral, não o usamos de forma parcimoniosa. Usamos o temo para satisfazer nossas vaidades em busca de aceitação e esquecemos de investi-lo a longo prazo.
Estava começando a faculdade, quando, pela primeira vez, tomei conhecimento da pirâmide de necessidades de Maslow. Naquele momento, pela minha ingenuidade e visão linear do mundo, a vi como uma escada. No primeiro momento satisfaço às necessidades fisiológicas e, assim por diante, até que, no último estágio, busco a autorrealização. Ignorância da juventude.
Hoje sei que que todos precisam satisfazer simultaneamente às suas necessidades fisiológicas, de segurança, de aceitação, de autoestima e de realização, não importando sua posição ou classe social. Alguns se iludem pensando que, com dinheiro e status social, autoestima e autorrealização estarão garantidos, e investem todo o seu tempo para amealhar mais dinheiro e posição social. Mas essa relação direta não existe!
Já vimos que valor e preço são coisas distintas, então pergunto: quanto vale o seu tempo?
Lembre-se: ele é finito, você não conhece o tamanho do seu estoque e, além de tudo, você não pode dispor livremente dele.
Precisamos trabalhar, temos responsabilidade para com outros, compromissos financeiros, etc, e, para cumprir com esta série de obrigações, vamos consumindo nosso estoque de tempo. O tempo não para.
Por que trabalhamos está claro, mas poucos tem clareza para que trabalhamos. Ficamos presos à ideia de que o trabalho é um mal necessário, sonhamos em poder viver sem ter de trabalhar, sonhamos com a Mega Sena.
O trabalho, entendido como qualquer atividade produtiva, é a nossa fonte de realização humana. Ele é o veículo através do qual exercemos a nossa criatividade, construímos a nossa identidade. É através do trabalho que damos um sentido e propósito para nosso desenvolvimento.
Entender que o trabalho é um veículo para a realização do nosso propósito, nos torna mais resilientes, nos faz sermos capazes de driblarmos as armadilhas que a nossa vaidade cria. Sem ter um sentido de longo prazo, corremos o risco de pular de galho em galho e, como disse o coelho para Alice, quando você não sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve.
Não existe um propósito melhor, importante é que ela faça sentido para você no longo prazo, afinal você está investindo o recurso mais valioso que você tem!
Faça seu tempo valer a pena!