A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) interrompeu a convocação de uma assembleia geral extraordinária que tinha como objetivo votar a fusão entre as gigantes do setor alimentício Marfrig e BRF. A informação foi divulgada nesta segunda-feira pela coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Segundo a publicação, a decisão da CVM de suspender a assembleia, que estava prevista para ocorrer nesta semana, ocorreu após uma representação formalizada pela Latache Capital, acionista minoritária da BRF.
O plano de fusão, anunciado em meados de maio, previa que a Marfrig, que já detém o controle acionário da BRF, incorporaria o restante da companhia por meio de uma troca de ações. Os acionistas de ambas as empresas deveriam se reunir em assembleias separadas no dia 18 de junho para deliberar sobre o acordo. Contudo, não há clareza imediata sobre qual das assembleias, ou se ambas, foram afetadas pela suspensão.
A BRF optou por não se pronunciar sobre o caso. A Marfrig e a CVM não responderam aos pedidos de comentários feitos pela reportagem fora do horário comercial. Anteriormente, as empresas haviam comunicado que a concretização da fusão estava condicionada à aprovação dos acionistas de ambas as companhias.
Em meio à suspensão da assembleia geral extraordinária pela CVM para votação da fusão entre Marfrig e BRF, o boletim de votos à distância da BRF revelou que 35,41% dos votos válidos foram favoráveis à operação. Entre os acionistas minoritários que já se posicionaram, o índice de aprovação alcançou 68,9%. O volume de votos remotos representa 51,5% do float da companhia, excluindo a participação da Marfrig como controladora.
Apesar do cenário inicial de apoio, investidores que se opõem aos termos atuais da fusão ou que ainda não tomaram uma decisão estratégica optaram por reservar seus votos para a assembleia presencial, agendada para esta quarta-feira. Um exemplo notável é a Previ, o influente fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. A Previ, que havia inicialmente indicado seu apoio à fusão, agora está revisando sua posição e, inclusive, diminuiu sua participação na BRF. Representantes do fundo se reuniram com a Marfrig, mas ainda não definiram como irão votar na assembleia.
A incerteza em torno do posicionamento de grandes investidores como a Previ adiciona uma camada de complexidade ao processo de fusão, mesmo diante dos números favoráveis observados no boletim de votos à distância da BRF. A decisão final sobre a união das duas gigantes do setor alimentício permanece em aberto, aguardando os desdobramentos da assembleia presencial.